sexta-feira, 9 de março de 2012




A PERSEGUIÇÃO AOS CRISTÃOS EM 274 A 306  d.C 




Depois dum descanso de uns vinte e oito anos, tornou a mesquinha mão do homem a estender-se para continuar a perseguição, e o imperador fez o último e desesperado es­forço para exterminar a religião tão odiada. Historicamen­te, foi este o último e decisivo conflito entre o paganismo e o cristianismo. Durou dez anos, e foi sem dúvida a mais desoladora de todas as perseguições. A segurança tranqüi­la, que a Igreja desfrutara desde a morte de Aureliano ti­nha produzido uma tal inação nos cristãos, que a sua con­dição levantou um certo sentimento de vergonha no cora­ção de muitos, misturado com o receio de que o desagrado do Senhor estivesse pendente sobre as suas cabeças. Em conseqüência da sua infidelidade, a Igreja tinha diminuído muito em poder espiritual, mas tinha aumentado em so­berba e ambição mundana; e a simplicidade de seu culto quase se ofuscou por ritos mais judaicos que cristãos.E isto ainda não era tudo. Muitos empregavam os seus dons espirituais em ostentação em vez de os empregarem em edificação; e aqueles que tinham o privilégio de poder alimentar o rebanho de Deus, descuravam o seu encargo sagrado e ocupavam-se na acumulação de riquezas. Os bis­pos, cujo verdadeiro dever era servir ao povo e trabalhar pessoalmente entre os pobres e os doentes, tornavam-se numa grande ordem sacerdotal, e procediam como "tendo domínio sobre a herança de Deus". Estes tinham empregados às suas ordens e já não seguiam a hospitalidade de que Paulo falara como sendo uma qualidade indispensável aos bispos, mas recebiam um salário, tornando-se dependen­tes dos ganhos alheios.Antes de ter passado um século, ouviu-se um pagão di­zer: "Façam-me bispo de Roma, que eu logo me tornarei cristão" .Na verdade, a distinção entre o clero e os leigos procedia deste sistema de tirania espiritual; e daqui provinham por sua vez, aqueles medonhos abusos da Idade Média, que mais tarde foram condenados em parte (se bem que por razões políticas) pelo arrogante e ousado Hildebrando, quando subiu à cadeira papal. Além disso, a paz inteira das assembleias era constan­temente perturbada pelas discussões. Havia contínuas disputas entre os bispos e os presbíteros, por causa das altivas pretensões dos primeiros, que exigiam superioridade na igreja, superioridade esta que os últimos não queriam de modo algum conceder. Nos primeiros tempos do cristianismo aqueles dois títulos haviam sido considerados iguais, e só perto do fim do segundo século é que o costume conse­guiu colocar um acima do outro. A controvérsia foi longa e amarga, e enquanto os pastores assim lutavam uns com os outros, as ovelhas morriam de fome, e os lobos daninhos estavam-se introduzindo no meio delas, não poupando o rebanho. Sendo este um momento cruel que resultou em mortes cruéis, o sangue derramado, para assinalar o progresso da Igreja, que mesmo em meio ao expressivo ataque, tiveram a vitória de perseverar, com a bandeira do evangelho estiada.