segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O PACTO PELA CONCEPÇÃO REFORMADA

Quando falamos desse pacto entre o Pai e o Filho, estamos falando da vontade do Pai e da disposição do Filho em realizar todas as cousas propostas por Deus para a salvação do pecador. Não deve ser esquecido que a Trindade toda participa deste pacto, pois Is 48.16-17 dá a entender que o Espirito Santo também é enviado do Pai para realizar a Sua vontade neste mundo, juntamente com o Filho. Contudo, é mais comum dos textos a idéia de um pacto onde o Filho e o Pai são as partes contratantes mais expoentes. O próprio Jesus Cristo falou que o Pai entrou em pacto com ele, embora as nossas traduções não deixem a idéia clara. Veja o texto de Lc 22.29 "Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio." No grego, contudo, a idéia é diferente. A palavra traduzida como "confiou e o verbo que significa "entrar num pacto". O verbo grego é diati/qemai de onde vem a palavra "pacto" – diaqh/kh. Deus pactuou com Cristo para lhe dar um reino, e nós somos parte desse reino, portanto, parte da herança que Deus deu a Cristo. Deus, ante a incapacidade do homem de expiar os seus próprios pecados, fez um pacto com Cristo de salvar alguns membros da raça caída em Adão. O próprio Deus, na pessoa de Seu Filho, compromete-se a realizar e tornar eficaz esse pacto. O Filho seria o Mediador, a vítima expiatória, o resgate e o Salvador dos beneficiários históricos do pacto.
O Pai e o Filho tomam a decisão comum de salvar criaturas caídas. O Pai seria o representante da Trindade e o Filho o representante dos caídos, mas eleitos.
A Escritura mostra de maneira inequívoca que o Filho veio ao mundo para realizar uma tarefa que o Pai lhe havia entregue, uma obra em favor dos homens, realizando a vontade de Seu Pai.
Vejamos a análise de alguns textos:
Is 48.16-17 - "Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que isto vem acontecendo tenho estado lá. Agora o Senhor Deus me enviou a mim e o seu Espírito. Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar."
Estas palavras são como que colocadas nos lábios de Cristo, como fizeram outros escritores do VT. O Verbo é eterno. Num tempo quando ainda não havia tempo, a Trindade entabulou um acordo. Desse acordo surgiu a decisão de enviar o Filho para a Redenção do pecador e o Espírito para aplicá-la. Por isso que é dito que «o Senhor Deus me enviou a mim e o seu Espírito." O Filho e o Espírito são enviados ao mundo para cumprir um propósito redentor da Divindade. O texto diz que essas pessoas são enviadas, o que indica um acordo prévio entre elas.
Jo 5.30 – ―Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma porque ouço, julgo. O meu juízo é justo porque não procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou.‖
É claro deste verso que Jesus veio ao mundo a mandado de Seu Pai, e para realizar a vontade de Seu Pai. Voluntariamente Ele submeteu-se à vontade dAquele a quem Ele sempre foi submisso como Filho. Mas essa submissão indica que Eles tiveram um acordo antes de haver história. Cristo foi enviado pelo Pai como produto de um pacto, como veremos adiante.
JO 6.38-40 – ―Porque eu desci do céu não para fazer a minha própria vontade; e, sim, a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.‖
Estes três versos recebem a mesma tônica dos dois anteriores, onde Cristo revela claramente a sua decisão de obedecer ao seu Pai, que o havia enviado ao mundo. A idéia de obedecer aqui deixa clara a idéia de um acordo anterior. Note que, antes dele vir ao mundo, ele havia recebido do Pai um número definido de pessoas pelas quais ele veio morrer. E o mandato do Pai era para que Ele não perdesse nenhum deles. Cristo veio para cumprir essa vontade de seu Pai, que foi produto de um acordo prévio entre ambos, no seio da Divindade. Estas mesmas idéias podem ser encontradas em Jo 8.29; 17. 3,4,6,8,18,21; Hb 10.7-10