domingo, 15 de novembro de 2015

A RESSUREIÇÃO DE CRISTO NA PROPOSTA PAULINA



   Paulo ao escrever sobre a ressurreição de Jesus concede a este tema um sentido escatológico, algo que está inserido no projeto do futuro da humanidade, sendo este evento as “primícias” como fala em 1º. Co. 15.23. No capitulo quinze da primeira carta Coríntios, o Apostolo desenvolve uma explanação em defesa da ressurreição de Cristo a situando com os eventos futuros da humanidade, como a ressurreição dos mortos, que como explica nos versículos 20 a 23 deste capitulo, Cristo é o primeiro, o que inaugurou esta ordem, tenho o inicio a eternidade para todos os que depositam sua fé nele e o seguem o tendo como Senhor.  Este acontecimento segundo Paulo traz o sentido da esperança da Igreja, que é viver na eternidade com Cristo, e com um diferencial ressuscitado de entre os mortos. Cerfaux em seu livro sobre “Cristo na teologia de Paulo” traz duas explicações sobre este assunto, que estamos discorrendo que irei citar agora, de forma intervalada, vejamos a primeira:
                                         O nexo entre a ressurreição de Jesus e a presença dos mortos na   
                                                     parusia ( com exigência implícita de sua ressurreição) é assinalado
                                                     em 1º.Ts. 4.14: “Pois, se, como cremos, Jesus morreu e ressuscitou,
                                                    devemos igualmente crer que Deus levara com Jesus os que já
                                                    tiverem morrido no seio dele”.
                                                    ( Cerfaux, 2003, p.71)
Como vemos, no momento em que Cristo se manifestar nas nuvens, e antes de a Igreja ou todos os salvos irem ao seu encontro nos ares, os mortos que morreram salvos e hoje se encontram no paraiso, virão ressuscitados junto com Jesus nos ares como esta escrito por Paulo em 1. Co. 15.52.   

          Como ira ocorrer este mistério? O Ap. Paulo explica no mesmo capitulo nos versículos 35 a 45; quando vai posicionando este acontecimento por ordem e concedendo alguns esclarecimentos, sobre este assunto. A segunda posição de (Cerfaux, 2003) sobre este acontecimento é objetiva: “Uma vez que Deus ressuscitou a Cristo, primícias da ressurreição dos mortos, essa mesma vontade necessariamente vai tocar e ressuscitar todos aqueles que lhe pertencem”.  Está bem claro nesta explicação deste autor, Jesus ressuscitou através de seu Espírito vivificante como Paulo diz em Romanos 8. 11 vejamos: “E, se o Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo também vivificará o vosso corpo mortal, pelo seu Espírito que em vós habita”.  Paulo  está deixando claro ai, que a ressurreição dos mortos, irá ocorrer por ação própria de Jesus, que já foi vivificado em sua morte pelo seu Espírito, e hoje os que morrem salvos, podem ter a certeza  e a garantia que o mesmo ira acontecer com Eles, no momento do arrebatamento, quando os seus corpos mortais serão vivificados, como disse o Apostolo. 

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

A SEQUÊNCIA DA CRIAÇÃO EM ORDEM

    Os eventos enormes de criação semana foram, sem dúvida, primeiro revelado por Deus a Adão no Jardim do Éden. Eles começaram com a criação ex nihilo de o universo por Deus no primeiro dia e concluiu com a criação do homem e da mulher no sexto dia. O homem ea mulher foram então colocados em carga sobre toda a terra, como mordomos sob propriedade de Deus (Gn 1: 26-28). Adão certamente teria notado a ênfase sobre a Palavra divina em Deus conta da semana da criação. Pelo menos 16 vezes, ele teria lido de Deus falando. Deus falou para criar, Ele falou para identificar, e Ele falou para abençoar. Adão teria reconhecido também que a conta foi apresentado como um cronológica real história dos acontecimentos daquela semana maravilhosa, com nenhum indício de que o que quer Deus não quis dizer exatamente o que Ele disse. Cada verso na conta começou com a conjunção de sequência - "e" (lei hebraico). Não havia nenhuma sugestão da alegoria, ou sobreposição ou lacuna, ou de qualquer coisa, exceto história simples. O conjunto "e", indicando sequência cronológica, na verdade, foi usada cerca de 60 vezes na narrativa da criação.
A conta foi dado em termos de os acontecimentos de sete dias seqüenciais - seis dias de trabalho, um dia de descanso. Adão certamente sabia o que um "dia" era, mas se houver pode ser qualquer pergunta, Deus definiu a palavra para ele. "Deus chamou à luz Dia, e às trevas chamou Noite. E foi a tarde ea manhã, o primeiro dia "(Gn 1: 5). A mesma terminologia foi usada para cada um dos cinco dia seguinte, então não deve haver nenhuma incerteza seja lá o que Deus pretendia a conta de dizer que a criação de todas as coisas tivessem ocorrido em seis literal dias. Certamente teria sido tão entendido por Adão e seus descendentes naqueles primeiros gerações que primeiro ler o relato divino. O facto de cada dia foi delimitada por uma noite e manhã, e cada modificado por um ordinal número, ainda ressaltou que estes dias eram dias literais. Esses usos seria cuidadosamente mantida por Deus em todo o resto da Escritura. 
     Estes três eventos foram a criação do universo físico, a criação da entidade da vida consciente, ea criação da natureza espiritual ("a imagem de Deus") no homem: "No princípio criou Deus os céus ea terra" (Gênesis 1: 1); "Deus criou. . . toda criatura vivente que se move "(Gn 1:21); "Deus criou o o homem à sua imagem. . . macho e fêmea os criou "(Gn 1:27). A partir destas três entidades criadas básicos, que compõem o físico, biológico, e componentes espirituais da criação, Deus "fez" e "formado" (Hebraico asah e yatsar) os muitos sistemas do cosmos, como resumidos a seguir. Primeiro dia: Ativando e energizando o universo físico recém-criado (Gn 1: 1-5). Segundo Dia: Fazendo da expansão (isto é, a atmosfera) de modo a formar o grande hidrosfera da terra, dividida em duas grandes massas de água, uma acima e um abaixo a atmosfera (Gênesis 1: 6-8). Terceiro dia: Formando a litosfera e biosfera planta da terra, reunindo o material "terra" criado no dia 1 em grandes sistemas de rochas continentais, apoiar e separar várias "mares" interconectados e órgãos da "seca
terra ", com um cobertor gostoso de material vegetal (que também foi construído de os elementos de "Earth", mas com disposições reprodutivos maravilhosamente codificados - a "semente é em si mesmo") que cobre as terras e que consiste em gramíneas, ervas, e árvores (Gn 1: 9-13). Quarto dia: Construindo a grande astrosphere em torno da Terra (sol, lua e estrelas) e colocando estas "luzes" em todo o espaço infinito de o céu que tinha sido criado no dia 1, estes também ser feitas da mesma "Terra" matéria criada no dia 1, sendo o seu objectivo de servir para medir o tempo ("Para estações, e para dias e anos") e de "sinais" (cujo significado seriam divulgados mais tarde) (Gênesis 1: 14-19).
Quinto dia: Formando multidões de animais para a atmosfera e hidrosfera, cada uma contendo a entidade recém-criada da vida consciente (Gênesis 1: 20-23). Sexto dia: animais formador para a litosfera e biosfera planta, também feito da "terra" matéria física e entidade "vida" biologicamente, incluindo "Feras da terra", "gado", e "répteis", além de seres humanos que, em Além disso, foram implantados com a "imagem de Deus" especialmente criado e, em seguida, colocado em domínio sobre todo o resto das obras de Deus realizadas nos seis dias (Gênesis 1: 24-31). Note-se que mesmo os animais que desde então se tornaram extintas - tais como os dinossauros - foram feitas em quinto e sexto dias da semana da criação.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

FUNDAMENTALISMO COMO MOVIMENTO

    O fundamentalismo como um movimento começou por volta da virada do século 20. Era uma reação ao liberalismo e neo-ortodoxia conservadora para preservar, a verdade cristã bíblica. O termo "fundamentalismo" surgiu como ele foi usado em uma série de panfletos que foram publicados chamados os fundamentos (1910-1915). Dois leigos Los Angeles, Lyman e Milton Stewart, que pensavam que cada pastor e estudante de teologia deve recebê-los, subscreveram esses documentos. Eles queriam estar ciente dos compromissos contemporâneos sendo feito pelo liberalismo e neo-ortodoxia.
    Liberal presbiterianismo foi travada sob a influência da Assembleia Geral da Igreja do Norte Presbyterian em 1910. Eles criaram um resumo doutrinal que declara as crenças essenciais da infalibilidade, o nascimento virginal de Cristo, Sua expiação substitutiva no Calvário, Seus milagres, Sua ressurreição física e na audiência de Seu amor. O campo de batalha para este liberalismo era principalmente nos seminários onde J. Gresham Machen de Princeton lutaram para as verdades da ortodoxia. Ele, por sua vez, ajudou a fundar Seminário de Westminster como uma alternativa conservadora para a educação liberal. Em 1936, ele foi forçado a deixar a igreja presbiteriana por causa de sua crescente liberalismo, e fundou a Igreja Presbiteriana Ortodoxa. De igual modo, o liberalismo também afetou os batistas. Em 1919 Associação Fundamentalista Cristã do Mundo foi fundada em Filadélfia. A menos incomodados das denominações batistas foi a Convenção Batista do Sul. Em 1932 a GARBC foi fundada (Associação Geral de Igrejas Batistas Regulares), que identificou cinco objetivos principais: 1) uma associação de igrejas - e não uma convenção, 2) a separação completa de qualquer liberal Northern Baptist funciona, 3) Conformidade com o Londres e New Hampshire Confessions of Faith, 4) A promoção de missões entre os pastores, e 5) auxiliando igrejas em encontrar pastores de som. 
     Outro fundador denominações e grupos neste momento, em contraste com a teologia liberal foram The American Association Batista organizou em 1925, The Grace Brethren em 1937, O Conselho Americano de Igrejas Cristãs em 1941, Bible Baptist Fellowship em 1950, e as Igrejas Fundamentais Independentes da América em 1930. Ideias-chave que cercam o fundamentalismo, uma vez que surgiu foi o isolamento crescente que estava transmitindo a partir de cultura. Separação religiosa demonstrou um movimento longe da cultura e, como resultado caricaturado por suas objeções a fumar, beber, filmes, jogar cartas, dança, lojas e afins. O ativismo político também veio à luz e da direita religiosa nasceu que foram atraídos principalmente aos laços fundamentalistas. Jerry Falwell, por exemplo, fundou a Maioria Moral na década de 1970. Teologicamente, ideias-chave do fundamentalismo cercar 1) a inerrância e infalibilidade da Bíblia, 2) o nascimento virginal ea divindade de Jesus, 3) a expiação substitutiva, 4) a literal ressurreição, física de Jesus, e 5) o retorno literal, física de Cristo.

sexta-feira, 2 de outubro de 2015

ENTENDENDO GÊNESIS

       Quando Deus cria o mundo, ele ajunta as águas primevas para que a terra seca pudesse aparecer, e nela ele faz crescer todo tipo de vegetação. E assim ele provê tanto espaço para os representantes de seu governo, a fim de viverem, quanto alimento para seu sustento. Mais particularmente, ele estabelece seus governantes terrenos num jardim, isto é, numa área fechada e protegida onde a flora floresce. Esse jardim representa espaço territorial único na ordem criada onde Deus quer que os seres humanos desfrutem de bênção e harmonia com ele, entre si, os animais e a terra. Deus só se faz presente nesse templo-jardim, porém a humanidade perde esse templo quando estabelece seu reino
rival. Por fim, quando Deus chama a Abraão para tornar-se uma grande nação, ele promete dar à sua prole a terra dos cananeus corrompidos. Justamente como a aliança de Deus com Abraão, em Gênesis 17, explica a promessa em Gênesis 12.3, de fazer de Abraão e de sua semente uma bênção às nações, assim também sua aliança com Abraão de dar-lhe a terra de Canaã (Gn 15) explica suas promessas em 12.2 de fazer dele uma grande nação. Deus reconhece a fé de Abraão na promessa do Senhor de dar-lhe prole inumerável quando, qualificando Abraão a tornar-se o recipiente de uma concessão irrevogável de terra, idealizou que ela se estenderia do rio do Egito ao Eufrates (Gn 15.6- 19). Nessa terra, da qual mana leite e mel, seu povo será protegido e sustentado. Essa promessa de terra se cumpre progressivamente diversas vezes, porém nunca se conclui. Deus, inicialmente, cumpre a promessa através de Josué (Js 21.43-45), porém não completamente (Js 13.1-7); através de Davi e Salomão (1Rs 4.20-25; Ne 9.8), porém ainda não em termos finais (ver Sl 95.11; Hb 4.6-8; 11.39, 40).
    A mudança-padrão pode ser inferida do fato de que o termo terra, a quarta palavra mais freqüente no Antigo Testamento, nunca é usado no Novo Testamento em referência a Canaã. Aliás, o uso veterotestamentário do termo terra em referência a Canaã é substituído pela abrangência de toda a terra em Mateus 5.5 e Romanos 4.13.80 Nem Cristo, nem seus apóstolos, ensinaram que o Israel étnico disperso regressaria novamente a Canaã

domingo, 27 de setembro de 2015

GENÊSIS O LIVRO DO PRINCÍPIO.

      Neste trimestre estaremos estudando sobre Genesis e sera uma lição que ira requerer alguns enfoques e estudos exegeticos e cientificos. Mas nesta postagem vou falar um pouco sobre o este livro, para facilitar um pouco a primeira aula. 
     Em conformidade com as práticas do antigo Oriente Próximo de dar título a um livro por suas palavras iniciais, o título hebraico do livro de Gênesis é B+r}Av't (“no princípio”). O título inglês [e português], por outro lado, é uma transliteração via Vugata (Liber Genesis) do título grego, provavelmente tomado de 2.4, genesis (“origem, fonte, raça, criação”). Felizmente, ambos os títulos são apropriados, pois este livro trata dos primórdios e origens, conjuntamente do cosmos (1.1–2.3), da humanidade e das nações, bem como de sua alienação de Deus e entre si (2.4–11.32), e de Israel (12.1–50.26), a nova iniciativa divina de salvar o mundo.
       A indagação que ora deve suscitar-se é se a memória de Israel é historicamente confiável. A fé de Israel está baseada em fato histórico ou em ficção? Abraão é a criação da fé ou o criador da fé?45 A inspiração divina do narrador, a qual não pode mentir, é suficiente para garantir sua veracidade sem outra corroboração histórica, porém o autor do Gênesis representa a si mesmo como um historiador, não como um profeta que recebe visões de eventos. Ele fornece uma sucessão cronológica essencialmente coerente de eventos, usando a forma verbal da narrativa hebraica. Ele valida seu material quanto possível, localizando sua história no tempo e no espaço (ex., 2.10-14), traçando genealogias (ex., 5.1-32), fornecendo evidências de várias sortes para validar sua história (ex., 11.9) e citando fontes (5.1). Segundo Brevard Childs, seguindo W. F. Albright e John Bright, a referência do narrador a “este dia”/“hoje” (19.38; 22.14; 32.32; 47.26) é “uma fórmula de testemunho
pessoal acrescida à tradição recebida e se conformando a ela”.46 A evidência do narrador não satisfará as demandas da historiografia moderna, porém mostra que ele tencionava escrever história real, não mito, nem saga, nem lenda. Embora os críticos históricos omitam sua interpretação teológica da história historicamente confiável, suas pressuposições anti-sobrenaturais não desaprovam empiricamente o relato profético do narrador da mão ou intervenções divinas na história. 
     Gênesis às vezes usa a metáfora da “semente” para a descendência humana. Fundamental a essa metáfora é a noção de reprodução “segundo sua espécie”. A fim de tornar a matéria ainda mais simples, justamente como a semente de plantas e árvores produz segundo sua espécie (Gn 1.11, 12), também a semente humana se desenvolve segundo o tipo de pessoa que produz a semente. Deus no princípio cria a humanidade à sua imagem, isto é, como seus regentes para representar seu governo sobre a terra. No templo-jardim do Éden, sua primeira palavra à humanidade é uma ordem. Não devem comer da árvore do conhecimento do bem e do mal. Essa famosa árvore simboliza a capacidade de discernir o bem (isto é, o que antecipa a vida) e o mal (isto é, o que obstrui a vida). Tal conhecimento pertence unicamente a Deus, porque, como Agur, inferencialmente, argumenta em Provérbios 30.1-6, deve-se conhecer compreensivelmente a fim de falar absolutamente sobre o que é bom e mal. Entretanto, a humanidade finita em Adão e Eva recusa aceitar esta limitação e transgride a fronteira estabelecida. Tentado por Satanás a pôr em dúvida a bondade de Deus e a veracidade de sua palavra, com o poder ilícito de descrer e desobedecer ao governo de Deus comem o fruto proibido, tornando-se seus próprios legisladores à parte de Deus. Segundo a ameaça de Deus, tornam-se alienados dele e entre si. Em resposta à sua rebelião em estabelecer um reino rival, o gracioso Soberano intervém mudando as afeições religiosas de Eva para que ela amasse a Deus e se submetesse ao seu governo e odiasse a Satanás que o afronta. Dirigindo-se a Satanás, Deus diz: “Eu porei inimizade entre você e a mulher, e entre sua descendência [semente] e a dela” (Gn 3.15). Desde então a humanidade está raças espirituais, visto que fisicamente reproduzem Adão e Eva. A semente da mulher, como vista em Abel, reproduz seu amor por Deus; e a semente da Serpente, como vista em Caim, reproduz sua inimizade espiritual contra Deus. 
    Na proxima postagem irei colocar mais uns adentos para se pensar e estudar nesta lição a cada domingo, levando as aulas a uma maior profundidade de argumentação sobre os assuntos. 

terça-feira, 15 de setembro de 2015

KIERKEGAARD E O ANTROPOCENTISMO TEOLÓGICO



O antropocentrismo teológico contemporâneo deve-se muito à influência do existencialismo de Kierkegaard. Este filósofo dinamarquês influenciou a neo-ortodoxia de Barth, a ponto de ter este dito no prefácio da segunda edição de Der Rõmerbrief: “Se tenho um sistema, ele está limitado ao reconhecimento do que Kierkegaard chamou de ‘distinção qualitativa infinita’ entre o tempo e a eternidade  Kierkegaard criticou a falta de espaço para o homem, como indivíduo, ao questionar o cristianismo como fruto da filosofia religiosa de Hegel. A exaltação hegeliana do absoluto e radical imanentismo de Deus transformava-o em um ser impessoal. Legava ainda aos homens uma religião secularizada, a ponto de identificar Deus com o espírito absoluto, produto dos conhecimentos humanos e da marcha da civilização para a frente. Embora Kierkegaard estivesse certo, deve-se ter em mente que, ao serem lançadas no mundo, as idéias não mais pertencem a quem as emitiu. Seus seguidores foram ao extremo ao conceder ao homem concreto, a sua existência histórica, a fonte de autoridade, legando-nos assim o existencialismo. E cá estamos nós num mundo em que Protágoras de Abdera parece ter sintetizado bem em sua famosa frase: “O homem é a medida de todas as coisas; daquelas que são, enquanto são; e daquelas que não são, enquanto não são”. Isso explica parte do emaranhado doutrinário do evangelicalismo mais popular. A multiplicidade de visões, sonhos, palavras de homens com acesso especial a Deus, para citar alguns, apenas enfraquece a autoridade da Escritura.

terça-feira, 25 de agosto de 2015

CRISTO E O PNEUMA EM PAULO O APOSTOLO

Cristo, à frente da fila da nova criação, é "novo" (novidade de vida), é celeste, é espiritual, espírito vivificante e espírito santifica- dor. A base de todos esses atributos, parece-nos podermos colocar a noção de "Espírito". O pneuma significa a esfera do divino em oposição à esfera da carne, do mundo "presente", do pecado, da morte. Não é oposto ao "sensível", como o você platônico, mas, ao criado. Desta noção principal, fundamental, derivam todas as outras. Celeste é equivalente de pneumáticos; por (1º. Co 15.45) exprime-se o significado pleno e ativo da vida e a santidade derivam de Cristo enquanto Espírito.Mas estas mesmas fórmulas são aplicadas ao Espírito Santo. Paulo não é responsável pela "dualidade" que parecerá pesar em sua teologia. A dualidade aparente resulta do evento cristão, da própria maneira pela qual a nova criação foi realizada por Deus.riquezas espirituais, a paz, a alegria, a pureza dos costumes, o amor ao próximo, a união a Deus na oração contínua e na confiança. Para interpretar esses dons e indicar sua origem, os cristãos referiram- nos simultaneamente ao Espírito Santo e a Cristo. Não podia ser de outro modo. Jesus havia formado seus discípulos para uma nova vida religiosa, separara-os da vida judaica para depositar o vinho novo de seu ensinamento em odres novos. Em Pentecostes e após ele, um entusiasmo humanamente inexplicável se apossara da jovem comunidade cristã; esta tinha visto realizar-se sob seus olhos todas as profecias que anunciavam tempos messiânicos, a efusão do Espírito Santo.Foi entendido que, colocado à direita do Pai pela ressurreição, Jesus agora derramava sobre os discípulos os bens do reino dos céus resumidos nos dons do Espírito e este Espírito vivificava novamente todos os ensinamentos e todos os exemplos do Evangelho.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

PROFETISMO EM ISRAEL UM FENÔMENO.

     A existência do fenômeno profético fora de Israel, inclusive em culturas diferentes das do Antigo Oriente, é um fato que ninguém põe em dúvida hoje em dia. Passaram-se os anos polêmicos em que parecia necessário negar a existência de um profetismo extrabíblico para salvar a inspiração dos profetas hebreus. Ou, inversamente, as anos em que se encontravam profetas em toda parte para negar a pretensa revelação de Deus através destes personagens de Israel. O estudo da questão tornou se mais científico, menos polêmico e menos apologético. O fato de terem existido profetas fora de Israel não implica que os profetas bíblicos carecessem de inspiração; e também não lhes tira a originalidade.Uma vez admitida a enorme difusão deste fenômeno, o que nos interessa saber agora é se a profecia bíblica tem a sua origem nas manifestações proféticas de algum país vizinho. No século passado, Kuenen propunha a profecia extática cananéia como lugar de origem da profecia israelita, teoria que Hõlscher manterá anos mais tarde. Em seguida se propôs o Egito. Agora está em pleno apogeu a tese de relacionar suas origens com a cidade de Mari. E convém ficar na expectativa sobre o que pode oferecer Ebla. 
    Nebeismo um fenômeno, que trouxe a interpretação Bíblica  algumas implicâncias, pois o caráter episódico e pouco freqüente do fenômeno profético em Mari, pelo menos na base do que podemos julgar com os dados que possuímos. Ao tratar este tema, é fácil cair na apologética barata: defender a qualquer custo a originalidade do profetismo hebraico, sem levar em conta que Deus pode comunicar-se, e de fato se comunica, a toda a classe de pessoas, sem distinção de raça ou nação. Também podemos correr o risco de simplistas, situando personagens quase desconhecidos no mesmo nível de Isaías. O mais sensato parece ser o seguinte: admitir que a profecia de Israel, nas suas remotas origens dos séculos XI e X, oferece pontos de contacto com Mari e Canaà; inclusive é provável que devamos ver ali o seu ponto de partida. Contudo, os profetas hebreus mais tarde se distanciam deste universo, como demonstra a maneira tão diferente de atuarem Elias e os profetas de Baal (lRs 18). E este abismo será ainda maior a partir do século VIII, quando a profecia chega à sua época de maior esplendor (Amós, Isaías, Oséias, Miquéias). Inclusive a partir deste momento, os profetas hebreus podem ter utilizado recursos literários difundidos por outros países. Isto, porém, nào tira originalidade à mensagem e à atuação deles.

domingo, 19 de julho de 2015

BARNABÉ O MENTOR DE PAULO

Barnabé é caracterizado não apenas como um estudioso da Bíblia, mas com experiência transcultural e muito amado entre os apóstolos. Um homem de coragem contagiante (encorajador), comprometido com o Reino, desprendido das coisas materiais, generoso, confiante nos apóstolos e, com maior simplicidade, a eles submisso. A fé, o compromisso e a integridade de Barnabé contrastaram frontalmente com Ananias e Safira, cujas ações também são narradas no livro de Atos. Quando [Paulo] chegou a Jerusalém, tentou reunir-se aos discípulos, mas todos estavam com medo dele, não acreditando que fosse realmente um discípulo. Então Barnabé o levou aos apóstolos e lhes contou como, no caminho, Saulo vira o Senhor, que lhe falara, e como em Damasco ele havia pregado corajosamente em nome de Jesus. Assim, Saulo ficou com eles, e andava com liberdade em Jerusalém, pregando corajosamente em nome do Senhor (At 9.26-28). Como se pode ver do texto, Barnabé demonstra possuir discernimento espiritual. Vê o que ninguém mais foi capaz, nem mesmo
os apóstolos. Tinha coragem. Superou o medo e constatou que Paulo realmente nascera de novo.

    Aparentemente, o apóstolo permanecia inativo quando Barnabé o chamou para se juntar a ele na igreja de Antioquia. O teor dos versículos mencionados indica que não foi fácil encontrá-lo. Mais uma vez, alguém acreditou em Paulo, quando ninguém mais acreditava. Depois de um ano, durante o qual Barnabé agiu como mentor de Paulo em Antioquia, uma reunião da liderança daquela igreja mudaria a história da Igreja de Jesus Cristo; que seria o surgimento de um apostolo abordivo como ele mesmo se designava, mas que não tinha do que se envergonhar. Mas o seu agir apostólico, teve um mentoreamento no inicio do ministério. Mais tarde Paulo vai ser um grande mentor, que ira preparar e influenciar o ministério de muitos, na Igreja dos primeiros séculos. Assim todos precisamos ser mentoreados no inicio por líderes exemplares em tudo.   

quarta-feira, 1 de julho de 2015

RESSURREIÇÃO DE CRISTO NA VISÃO DE PAULO.



     A ressurreição do Messias ou do Filho do homem é desconhecida na corrente apocalíptica. Não convinha nem à figura do Messias nacional, nem à do Filho do homem transcendente.
São os fatos que impuseram aos cristãos este dado original, que, aliás, tivera alguma preparação no Antigo Testamento; a figura do Servo sofredor, em particular, podia já indicar seus vestígios. Cristo Jesus ressuscitado tornou-se o chefe da vida nova, o primeiro Homem da raça dos ressuscitados. A idéia do novo Adão, tenuamente insinuada no judaísmo" poderá adquirir relevo no pensamento paulino. A ressurreição assegurará esta missão a Cristo. Ao mesmo tempo, a ressurreição dos cristãos coordenar-se-á com a ressurreição de Cristo.

    A fé na ressurreição é a pedra angular da comunidade cristã que se recompõe após a morte de Cristo. Não hão de se opor entre si fé e fato. A fé supõe o fato. Transpõe o simples testemunho para a esfera do Espírito; a testemunha segundo a fé testemunha no Espírito, sem que seu testemunho humano cesse por isso de ser um,verdadeiro testemunho; quem recebe o testemunho, recebe-o na dupla qualidade de testemunho humano e de testemunho no Espírito. O documento em que Lucas descreve a comunidade de Jerusalém dizia expressamente: "E com grande poder os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus" (At 4.33). O "testemunho" define o aspecto mais humano da missão deles, a "força" vem do Espírito Santo. No discurso de Pedro lemos: "E, pois, necessário que um dentre os homens que estiverem conosco durante todo o tempo em que ia e vinha entre nós o Senhor Jesus, a partir do batismo de João até o dia em que do meio de nós foi elevado ao céu, se torne, conosco, testemunha de sua ressurreição" (At 1.21ss).

  Paulo teve como que as primícias de sua aparição gloriosa. Sua visão antecipa para ele pessoalmente a parusia e permitir-lhe-á anunciá-la aos pagãos. Sob este aspecto, a visão de Paulo apresenta certa analogia com a de Estêvão a quem o "Filho do homem", Cristo da parusia, se mostrou de pé, à direita de Deus (At 7.55). Os dois pontos de vista são complementares. A ressurreição de Cristo exaltou-o concreta- mente, colocou-o à direita de Deus revestido de sua glória, e tudo isto em função da parusia, à qual a ressurreição logicamente se ordena.

     As outras aparições de Cristo a Paulo, assinaladas no Livro dos Atos, não têm mais o mesmo  caráter. Cristo que aparece intervém no governo da Igreja e nos destinos do apostolado. Ele aparece para governar, não para "se manifestar". Ao contrário, a visão de Damasco e a de Estêvão revelam-no, manifestam-no.Uma distinção do mesmo gênero aparece no Apocalipse. A visão inaugural é uma revelação solene do Filho do homem, quase ainda uma antecipação de sua parusia; ao mesmo tempo, Cristo dirige as Igrejas da Ásia.

    

domingo, 14 de junho de 2015

A REALIDADE DO ARIANISMO.

Seguindo um processo pedagógico de cunho interdisciplinar e transdisciplinar, percorremos alguns assuntos que, podem se divergir, porem se interligam por serem teológicos em suas características essenciais. Hoje vamos para a Apologética, falando sobre o Arianismo.
O arianismo foi uma heresia trinitária que surgiu com base na heresia monarquiana dinamista, que, na relação trinitária, de­fendia a superioridade do Pai em relação ao Filho e ao Espírito Santo. Influenciado por essa corrente, no início do século 4°, Ário, sacerdote da Líbia que vivia em Alexandria e contava com grande respeito, passou a negar a divindade, eternidade e consubstancia­lidade de Cristo, o Filho, na sua relação com o Pai. Segundo ele, o Cristo, sendo criatura do Pai, não podia ser da mesma substância e natureza que o Pai e, sendo criatura, era subordinado ou inferior a Ele e não era, também, eterno e da mesma substância do Pai. Ário foi condenado no Sínodo de Alexandria no ano 321 e não se submeteu a isso, provocando a convocação do I Concílio de Nicéia, no ano 325.
O Concílio de Nicéia defendeu a igualdade entre as três pes­soas divinas e confirmou a doutrina da divindade do Filho e sua consubstancialidade na relação com o Pai, o que não foi aceito por Ário e seus seguidores, e a discussão seguiu por várias décadas, sendo solucionada apenas no I Concílio de Constantinopla, no ano 381.
A decisão conciliar de Nicéia afirma o seguinte quando trata do tema da relação entre o Pai e o Filho:  
Deus Pai é justo e bom, criador do céu e da terra, e que existe um único Senhor, Jesus Cristo, filho único, o qual não nasceu do nada, mas do Pai, não como uma obra, mas como Filho, gerado de manei­ra inefável.

              

quarta-feira, 10 de junho de 2015

JESUS E A TORAH

    Estou voltando hoje a postar neste espaço de abordagens e textos que compartilho com meus leitores, assim nesta oportunidade vamos falar sobre Jesus e a Torah. 
    Pelo que o Novo Testamento relata, parece-nos muito complicada a atitude de Jesus diante da Torá, a Lei judaica, de sorte que alguns consideram Jesus como o grande revolucionário contra o establishment jurídico, enquanto outros vêem nele um radical ou mesmo rigorista. Mas, não podemos perder de vista que Jesus e a geração mais antiga do cristianismo primitivo se consideravam parte do judaísmo. Nessas condições, comparações na base da história das religiões tornam- se inaceitáveis. De outro lado, Jesus foi executado. E isso mostra que, na sua pregação e no seu modo de viver, pelo menos alguns aspectos contradiziam o que o judaísmo ou parte do judaísmo ensinava oficialmente no tempo de Jesus. A própria “ doutrina judaica” do tempo de Jesus não era tão uniforme quanto se possa pensar. Para o judaísmo palestinense, a Torá era em primeiro lugar o Pentateuco, os cinco livros de Moisés; os profetas e demais livros da Escritura eram comentário do Pentateuco. Pelo menos na tradição farisaica, que também nisso divergia da tradição dos saduceus, esse comentário formava como que a “cerca em redor da Lei” , isto é, as tradições orais dos antepassados, ou seja, a tradição da ética casuística judaica. Praticamente tudo isso, em conjunto, era chamado de Torá (a Lei). Atrás disso estava de fato a idéia de que essa Torá era a Lei de Deus, revelação e prova do amor divino, expressão da ação salvífica de Deus, que zela pela felicidade do ser humano. Portanto, quem ataca a Torá, ataca Deus. Quanto a isso, muitas vezes se esquece que a maneira como os judeus da diáspora de língua grega interpretavam a Lei era bem diferente da interpretação palestinense aramaica. Os judeus de língua grega distinguiam nitidamente: de um lado, a Torá como Decálogo, como autênticos decretos de Deus desde a criação; e de outro lado, toda espécie de "leis mosaicas” , dadas ao povo por causa da “dureza de seu coração” . Desde a apostasia diante de Javé, com a veneração do bezerro de ouro, as leis mosaicas pós-sinaíticas eram para eles, por assim dizer, leis de compromisso; eram apenas regulamentos humanos. No mesmo sentido, valiam-se também de Ez 20,25-26: “Eu mesmo lhes dei leis que não eram boas e costumes que não fazem viver. Contaminei-os através das oferendas que faziam de seus primogênitos. Foi para horrorizá-los, a fim de que reconhecessem que eu sou Javé” . Daí o ideal greco-judaico da restitutio principis, quer dizer, “ no princípio não era assim” . Daí a tendência para a restituição da ordem original da criação, livrando-a das “ leis feitas por mãos humanas” , que mais tarde deturparam essa ordem. Traço notável da literatura sapiencial é essa ideia da “ restauração da origem”

sexta-feira, 22 de maio de 2015

OCANN E SEU OCANISMO

     Occam desenvolveu sua epistemologia principalmente para tratar do problema do conhecimento teológico. Sua crítica se dirigia contra a assim chamada prova da existência de Deus. Negando a realidade dos universais, a prova cosmológica de Tomás de Aquino caía por terra. Pois esta, como se viu acima, pressupunha que podemos perceber a existência de Deus devido a nosso conhecimento do elemento universal das coisas que vemos. Para Occam, Deus, no seu sentido mais próprio, é algo individual (res singularissima). Também não se pode provar racionalmente que Deus é a primeira causa de todas as coisas. A metafísica, pode, naturalmente, demonstrar de outras maneiras a existência de um ou de muitos deuses, mas a reivindicação que Deus é um só e o fato que é infinito, devem ser considerados confissões de fé e nada mais. De acordo com Occam, a teologia deve basear-se na fides infusa. O que queria ele dizer com fé? Acima de tudo, a inclinação de crer na verdade bíblica. Não aceitava a ideia franciscana mais antiga que fé é experiência imediata do divino. A fé é concordância com a verdade bíblica. Biel definiu fé como segue: «Aquele que lê a Bíblia (se é crente) imediatamente concorda com cada uma das coisas registradas nela, porque crê nje todas estas coisas são reveladas por Deus.
      Os nominalistas julgavam, em princípio, que a Escritura é a única autoridade. Alguns até mesmo tentaram citar suas doutrinas em oposição ao papa e outras autoridades eclesiásticas. Mas em geral, a Bíblia e as doutrinas da igreja foram fundidas; as tradições eclesiásticas eram firmemente defendidas mesmo quando lhes faltava fundamento escriturístico. Isto acontece, por exemplo, com transubstanciação, que Occam aceitava embora achasse que outras teorias eram mais bíblicas. Os nominalistas desenvolveram a teoria da inspiração imediata da Escritura. A autoridade canônica baseava-se na convicção que as palavras da Bíblia tinham sido inspiradas nos autores pelo próprio Deus.No tocante ao conteúdo teológico, Occam, na maioria dos casos, aceitava a tradição mais antiga. Também a alterou em vários pontos e formulou críticas que enfraqueceram seus fundamentos.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

IGREJAS EMERGENTES E O SEU AVANÇO




       Os emergentes eclesiásticos, tem avançado em todo o nosso planeta, Igrejas que possuem teologias exclusivas e nomes que surpreendem.  A Igreja Emergente: Nasceu no final do século XX, mas floresceu no início do século XXI. Trata-se de um movimento que prega a necessidade de uma nova compreensão do Evangelho e da Espiritualidade, e de uma nova teologia com uma nova abordagem da Bíblia. Um de seus mais famosos proponentes é o pastor americano Dan Kimball.
      Acaudilhados principalmente por Brian McLaren, os emergentes crescem a largos passos acusando o cristianismo “tradicional” de ser institucionalizado demais, rígido demais, ultrapassado, exclusivista ao extremo e fechado. Dentre as características marcantes do Movimento Emergente, é possível destacar o seu espírito de protesto contra o cristianismo institucionalizado ou denominacional.
Os Emergentes acreditam que o modelo de igreja comum está ultrapassado e não consegue atender as demandas do pós-modernismo. Interessante é notar que esta aversão é justamente pelo cristianismo tradicional defender a verdade absoluta, elemento que os pós-modernos têm Abominam também o conceito de hierarquia nas igrejas, julgando-os anti-bíblicos; nas Igrejas Emergentes, a figura de pastores, bispos, presbíteros praticamente não se encontram.

    Os Emergentes têm verdadeira repulsa às Teologias Sistemáticas (livros ou disciplina em si) e apologética tradicional. Acreditam que as Sistemática nada mais fizeram que bitolar os crentes, sendo apenas um amontoado de textos bíblicos organizados de modo sistemático em torno das opiniões pessoais dos autores das mesmas; da mesma forma, julgam que a apologética cristã está atrasada e não deve permanecer defendendo a fé como vem fazendo no decorrer da história. Defender a fé nos dias de hoje (pós-modernismo), é ofensivo na mentalidade dos emergentes, tão pluralistas e inclusivistas. 
      O avanço tem sido percebido por alguns fatores, entre eles a carência do resultado na vida pessoal, alcançando a prosperidade e solução dos problemas.  "A provação não deve estar na mina vida", pensam os emergentes, mas a Bíblia nos instruem a passar por provações, pois elas nos aperfeiçoam na fé.  Assim necessitamos estar mais suscetíveis aos reveses e não criar um novo evangelho. 

sábado, 25 de abril de 2015

FUTILIDADE É O DESNECESSARIO?

É muito provável que o emprego paulino de mataiotês tenha sido instruído pela LXX, em especial pelo Eclesiastes. Embora o adjetivo mataios fosse empregado com regularidade na literatura grega para descrever o que é vão ou vazio, na literatura grega que foi conservada mataiotês é raramente empregado em comparação com a LXX, onde é usado muitas vezes com o sentido de “inutilidade”, “falta de valor”, ou “futilidade” (Bauemfeind, 523). No Eclesiastes (1,2.14; 2,1. 11.15.17 etc.), a expressão aparece repetidamente no refrão negativo: mataiotês mataiotêtõn, ta panta mataiotês. Devido às muitas conotações de mataiotês, é difícil traduzir nas línguas ocidentais esse coro repetido. A tradução tradicional: “vaidade das vaidades, tudo é vaidade”, encontrada em muitas traduções, está sendo substituída por tentativas mais criativas de captar o sentido Coélet indica a futilidade de todos os esforços humanos que buscam trazer satisfação duradoura em si e por si. Seria o mesmo que “perseguir vento” (Ecl 2,11). Só é possível encontrar sentido permanente e contentamento duradouro em Deus, que transcende a existência humana e com quem não há mataiotês. A futilidade é uma circunstancia que nos inquieta, por ser o improvável para alguns, outros luxo desnecessário; porém é o substancial para nossos auspícios de vida. Porém para Paulo é inutilidade, em muitas das situações do Ser em suas ansiedades e anseios. 

segunda-feira, 13 de abril de 2015

CONFLITOS RELIGIOSOS NA ÓTICA DE NIEBHUR

     Desenvolve-se nos nossos dias debate multiforme acerca das relações entre Cristianismo e civilização. Historiadores e teólogos, estadistas e clérigos, católicos e protestantes, cristãos e anticristãos participam dele. Publicamente o mesmo se manifesta nas atividades de facções rivais e, intimamente, nos conflitos de consciência. Algumas vezes se concentra em questões específicas. Por exemplo, a que se refere ao papel da fé cristã dentro das diretrizes gerais da educação, ou à importância da ética cristã para a vida econômica. Às vezes envolve questões mais amplas, como a responsabilidade da Igreja para com a ordem social ou a necessidade de os seguidores de Cristo se separarem novamente do mundo.

     O debate é tão multiforme quanto confuso. Quando a questão parece ter sido claramente definida como situada entre os expoentes de uma civilização cristã e os defensores não cristãos de uma sociedade totalmente secularizada, novas perplexidades surgem, visto que crentes devotos parecem estar advogando a mesma causa dos secularistas, postulando, por exemplo, a eliminação da religião da área da educação pública ou o apoio do cristão a movimentos políticos aparentemente anticristãos. Tantas vozes são ouvidas, tantas asserções confiantes más divergentes são feitas a respeito da resposta cristã ao problema social, tantas questões são levantadas, que o desnorteamento e a incerteza cercam a muitos. 

Será bom lembrar, neste ponto, que a questão Cristianismo e civilização não é, de modo nenhum, nova; que nesta área a perplexidade cristã tem sido perene e que o problema tem atravessado os séculos da nossa era cristã. É bom recordar, também, que as repetidas lutas dos cristãos com este problema não produziram uma resposta cristã única, exclusiva, mas apenas uma série de respostas típicas que, em seu conjunto, para a fé, representam fases da estratégia da Igreja militante no mundo. Essa estratégia, contudo, por estar na mente do Capitão, antes que nas dos tenentes, não está sob o controle dos últimos. A resposta de Cristo ao problema da cultura humana é uma coisa. As respostas cristãs são outra coisa; e os seguidores de Cristo estão convictos, de que ele usa as suas várias obras para cumprir a Sua própria. O propósito dos capítulos seguintes é apresentar respostas cristãs típicas ao problema Cristo e cultura e assim contribuir para a compreensão mútua dos várias vezes em conflito. A crença que paira atrás deste esforço é, contudo, a convicção de que Cristo, como senhor vivente, está respondendo a esta questão na totalidade da história e da vida, de um modo que transcende a sabedoria de todos os seus intérpretes, utilizando-lhes, todavia, as percepções parciais e os inevitáveis conflitos.
      

quinta-feira, 2 de abril de 2015

LUCAS E SUA FORMA ESCRITA NO EVANGELHO.



       Na postagem de hoje, estarei observando e trazendo a lume, o sentido escriturístico de Lucas, o autor do terceiro evangelho, com uma conotação ainda mais abrangente e incisiva, mais voltada para o aspecto da escrita e alguns propósitos do autor ao escrever este evangelho.  
    Lucas foi escrito do ponto de vista de um historiador. O autor estava preocupado com precisão cronológica e geográfica. Lucas é o único evangelista que liga seus eventos narrativos à história secular. Ele também prestou atenção a pequenos detalhes pessoais, como a intensidade de uma febre ou a extensão da lepra de um homem (4.38; 5.12).
Ademais, Lucas é o mais literário de todos os Evangelhos. Embora não se alcance o nível estilístico de Hebreus, o grego de Lucas é muito mais polido e gramatical do que de qualquer outro autor do Novo Testamento. Isto não o impede de permitir alguns hebraísmos e aramaísmos em seu texto; estes servem, na verdade, para destacar sua abordagem de testemunha ocular para coletar dados.  As preocupações teológicas de Lucas incluem o Espírito Santo (com atenção específica para o fenômeno que ele descreve como πιήζζε πλεύκαηνο ἁγίνπ [eplesthē pneumatos hagiou], que é freqüente em Atos), o escopo universal da missão redentora de Cristo como o Filho do Homem (cf. 19.10 e 24.47), o ministério dos anjos em relação à pessoa de Jesus Cristo (mais de vinte referências), e o deslocamento deliberado de Cristo (e sua mensagem do Reino) rumo a Jerusalém, que cobre doze capítulos no livro. A discussão do propósito do Evangelho de Lucas precisa levar em consideração dois fatores importantes diretamente relacionados ao seu texto. O primeiro é o prólogo (1.1-4), que oferece uma clara indicação dos resultados que Lucas esperava alcançar com a composição da sua obra, a saber, dar uma base histórica para a fé que Teófilo exercia em Cristo. Isto é o que poderíamos chamar um propósito pastoral-apologético para o Evangelho.
     Segundo, é preciso considerar o epílogo (24.45-53), que aponta para uma continuação da saga do Reino, visto que as testemunhas permanecem em Jerusalém esperando o cumprimento da promessa para que a mensagem do Reino seja efetivamente levada a todas as nações. Essa última observação é bem resumida por Guthrie, que propõe que o propósito de Lucas era de descrever os primórdios de um processo que se espalhou além de Jerusalém até o coração do próprio Império Romano. Ainda assim, o Evangelho está completo em si e carrega esse propósito teológico de demonstrar que a pregação da mensagem do Reino aos gentios é legítima à luz da rejeição de Israel para com Jesus como o Filho do Homem.

    Outra teoria muito mencionada sobre o propósito de Lucas-Atos é a teoria da defesa legal, que vê a obra de dois volumes como uma vindicação do cristianismo como uma religião que desde o princípio encontrou favor com as autoridades romanas (cf. a tripla referência à opinião de Pilatos de que Jesus era inocente). 

segunda-feira, 30 de março de 2015

O EVANGELHO DE LUCAS NO CONTEXTO HISTÓRICO



Início hoje uma de três postagens sobre a Lição que trata sobre o Evangelho de Lucas, neste segundo trimestre deste ano. Vamos iniciar verificando e analisando este evangelho, a partir de sua concepção e estruturação linguística. Linguisticamente, este Evangelho divide-se em três seções. O Prefacio (1:1-4) e escrito num bom estilo clássico. Demonstra aquilo que Lucas sabia fazer, mas a partir de então, abandona totalmente este estilo. O resto do capitulo 1 e o capitulo 2 tem um sabor nitidamente hebraico. E til marcante que certo número de estudiosos chegou a conclusão de que aqui temos uma tradução de um original em hebraico. Se foi assim, não temos maneira de saber se Lucas ou outra pessoa fez a tradução. A partir de 3:11 o Evangelho está escrito num tipo de grego helenístico que relembra fortemente a Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento hebraico. 0 vocabulário e extensivo, e Lucas usa 266 palavras (além dos nomes próprios) que não são achados noutras partes do Novo Testamente, um número bem notável quando levamos em consideração que compartilha boa parte do seu assunto com Mateus e Marcos. O mais interessante de tudo isto e como o estilo constantemente relembra a Septuaginta. As citações vétero-testamentarias de Lucas são comumente tiradas daquela versão, e normalmente emprega as formas de nomes próprios achadas ali. Boa parte do seu vocabulário característico e aparentemente tirada da Septuaginta, bem como algumas das suas frases marcantes. Parece que Lucas pensava no estilo da Septuaginta como sendo um bom estilo bíblico e mais apropriado para o tipo de narrativa que estava compondo. Mas isto não explica tudo. As vezes a linguagem de Lucas contem hebraísmos e, as vezes, aramaismos. Além disto, sua linguagem e mais semítica nalguns trechos do que noutros. Os dois grupos de fatos parecem melhor explicados como sendo reflexão das fontes de Lucas. 

terça-feira, 24 de março de 2015

FAÇO O SEU TRABALHO ACADÊMICO

ESTOU AUXILIANDO A TODOS ACADÊMICOS.

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psergiodanilo@bol.com.br
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segunda-feira, 23 de março de 2015

CONSTRUO O SEU TRABALHO ACADÊMICO

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sexta-feira, 13 de março de 2015

ANSIEDADE E MEDO NA ÓTICA DE PAUL TILLICH

Ansiedade e medo têm a mesma raiz ontológica, mas não são o mesmo na realidade. Isto é conhecimento comum, mas tem sido tão enfatizado, e super enfatizado, a tal ponto, que pode ocorrer uma reação contra tal fato e apagar, não só os exageros, como também a verdade da distinção. O medo, quando comparado à ansiedade, tem objeto definido (segundo opinião da maioria dos autores), que pode ser enfrentado, analisado, atacado, tolerado. Pode-se agir sobre ele, e agindo sobre ele, participar dele mesmo se na forma de combate. Neste sentido pode-se torná-lo auto-afirmação. A coragem pode enfrentar cada objeto de medo porque é um objeto, e torna a participação possível. A coragem pode incorporar nela o medo produzido por um objeto definido, porque este objeto, embora assustador o quanto seja, tem uma faceta com que participa em nós e nós nele. Pode-se dizer que desde que haja um objeto do medo, o amor, no sentido de participação, pode dominar o medo. Mas não acontece o mesmo com a ansiedade, porque a ansiedade não tem objeto, ou melhor, numa frase paradoxal, seu objeto é a negação de todo objeto. Portanto participação, luta e amor em relação a ela são impossíveis. Aquele que está em ansiedade está, tanto quanto é mera ansiedade, entregue a ela sem apelação. O desamparo no estado de ansiedade pode ser observado da mesma forma em animais e humanos. Expressa-se pela perda de direção, reações inadequadas, falta de "intencionalidade" (o ser relacionado com conteúdos significantes de conhecimento ou vontade). A razão deste comportamento às vezes surpreendente é a falta de um objeto no qual o sujeito (um estado de ansiedade) possa concentrar-se. O único objeto é a própria ameaça, mas não a fonte da ameaça, porque a fonte da ameaça é o "nada". Pode-se indagar se este "nada" ameaçador é a possibilidade desconhecida, indefinida de uma verdadeira ameaça. Não cessa a ansiedade no momento em que um objeto de medo conhecido aparece? Ansiedade então seria o medo do desconhecido. Porem esta é uma explicação insuficiente. Pois há reinos inumeráveis de desconhecido, diferentes para cada assunto, e encarados sem nenhuma ansiedade. É o desconhecido de um tipo especial que se relaciona com ansiedade. É o desconhecido que, por sua exata natureza, não pode ser conhecido, porque é não-ser. Medo e ansiedade são distintos mas não separados. São imanentes um dentro do outro: o acicate do medo é a ansiedade, e a ansiedade se esforça na direção do medo. Medo é estar assustado com algo, uma dor, a rejeição de uma pessoa ou um grupo, a perda de alguma coisa ou alguém, o momento de morrer. Mas na antecipação da ameaça que se origina destas coisas, o que está assustando não é a negatividade em si que eles trarão para o sujeito, Porem a ansiedade sobre as implicações possíveis desta ansiedade. O exemplo capital e mais do que um exemplo é o medo de morrer, O quanto ele é medo, seu objeto é o evento antecipado de ser morto por doença ou um acidente e assim sofrer a agonia e a perda de tudo. O quanto é ansiedade, seu objeto é o absolutamente desconhecido "depois da morte", o não-ser que permanece não-ser mesmo quando preenchido com imagens de nossa experiência presente. Os sonhos no solilóquio de Hamlet, "ser ou não ser", que poderemos ter após a morte e que torna covardes todos nós, são assustadores, não devido seu conteúdo manifesto, mas devido seu poder de simbolizar a ameaça do nada, em termos religiosos, da "morte eterna".

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O JUDAÍSMO E SUAS ORIGENS

    O judaísmo não é apenas uma religião, mas também uma maneira de se viver e uma cultura. Ele é bastante diverso. Alguns judeus são completamente secularizados e não praticam nenhum dos rituais religiosos estipulados pelo Halakah (o código de leis judaicas). Alguns, entretanto, observam certas celebrações judaicas e dias santos, ainda que essas práticas não sejam vistas como especificamente religiosas. Outros, por sua vez, baseiam todos os aspectos de suas vidas no judaísmo. Assim, percebe-se claramente que tratar do judaísmo é tratar de um assunto complexo e com diversas ramificações filosóficas, religiosas, sociais e culturais. Nesse sentido, torna-se tarefa hercúlea expor todos seus pormenores. Portanto, o que se pretende aqui é apenas traçar um panorama que seja introdutório ao tema e convide o graduando a se enveredar por outros textos que complementem seu conhecimento. Para tal, dividiu-se a exposição em seis tópicos: nascimento do judaísmo, estrutura sociocultural e religiosa do judaísmo, fé monoteísta, diáspora, principais correntes do judaísmo (ortodoxo, histórico e reformado – movimento sionista, a Shoah) e Tora.

   Podemos dividir a história do judaísmo em cinco fases ou eras: bíblica, talmúdica, medieval, moderna e contemporânea. Na verdade, não há consenso absoluto sobre essa divisão e muitos teóricos que se dedicam ao tema propõem que a criação do Estado de Israel, em 1948, indique o início de uma nova fase (ou era) e que, portanto, os títulos atribuídos às eras já existentes deveriam ser repensados. De qualquer forma, essas balizas nos ajudam a pensar esse texto cujo foco principal serão a era bíblica e parte da era talmúdica. Originalmente, os judeus são descendentes de grupos que viviam na Mesopotâmia, chefiados por patriarcas e que emigraram para Canaã, região na qual hoje se localiza a Palestina. A bíblia nos fala de importantes patriarcas hebreus – Abraão, Isaque e Jacó, que foram chefes de clãs seminômades que viviam na região hoje conhecida como Palestina e, também, por vezes, deslocavam-se para a Mesopotâmia e Egito.

     De qualquer forma, a figura de Abraão não pode ser ignorada para aqueles que pretendem conhecer o judaísmo. Tampouco se pode ignorar o fato de que com ele estabeleceu-se uma linhagem de líderes, no sentido de que foi sucedido como patriarca por seu filho Isaac e que a este se sucedeu seu neto, Jacó, também chamado de Israel. Jacó teve doze filhos e, entre eles, o favorito era José. Seus irmãos temiam que o pai lhe deixasse os direitos de patriarca. Para que isso não acontecesse, decidiram vendê-lo como escravo a mercadores árabes, que o levaram para o Egito. Contudo, por conta de sua habilidade em interpretar sonhos, José não permaneceu por muito tempo como escravo. Tendo, nessa qualidade, interpretado favoravelmente os sonhos dos faraós, foi nomeado conselheiro do Ministro, uma espécie de chanceler.

     Os textos sagrados contam que então houve uma grande fome e que os irmãos de José precisaram ir ao Egito comprar grãos. Terminam a história com o reencontro: em vez dos irmãos encontrarem-no como um escravo esfomeado, encontraram-no como um homem rico e influente que conseguiu permissão junto ao faraó para que sua família se mudasse para uma terra mais rica. Como Jacó (Israel) era o chefe de todo o povo, ao permitir que a família de José lá se instalasse, o faraó estava, na verdade, permitindo que todos os hebreus se mudassem para suas terras

domingo, 15 de fevereiro de 2015

DEUTERONÔMIO E O CÓDIGO DA ALIANÇA

      O Código da Aliança é mais antigo que o Deuteronômio e por isso é o código legal mais antigo do Antigo Testamento. Isso se evidencia tanto no caráter geral quanto em cada determinação isolada. Em toda parte, o Deuteronômio se dá a conhecer como um desenvolvimento posterior. Essa seqüência temporal permanece válida para as partes essenciais, mesmo que algumas partes do Código da Aliança, como usualmente se afirma - por exemplo as fundamentações parenéticas das leis -, sejam deuteronomistas e, portanto, dependentes do Deuteronômio jurídicas constam outras exigências de caráter cultual, religioso, ético e social, com as suas respectivas fundamentações teológicas e históricas. Toda a composição é dominada pelo Io mandamento, respectivamente pelo 2º mandamento (20,23; 22,19; 23,13.24.32s).
    O Código da Aliança é, sob qualquer perspectiva, uma grandeza multicor. Pode-se até sentir com as mãos esse seu caráter de composição. Além da amplitude de conteúdo, isso se mostra sobretudo nas diferentes formas das sentenças jurídicas3: frases casuísticas (p. ex. 21,18ss) constam ao lado de frases proibitivas (p. ex. 20,23; 22,21.27s), de mandamentos (p. ex. 22,28b.30a; 23,10.14), de sentenças condicionais alocutivas (p. ex. 20,25a; 21,14.23; 22,24s), bem como ao lado de formulações participiais (21,12.15-17) ou da particular fórmula de talião (21,24s). O discurso divino é dominante (20,22ss), mas também grandes partes são discursos sobre Deus (p. ex. 21,6; 22,7s). Em geral, as sentenças estão na segunda pessoa do singular (tu), mas freqüentemente ocorre o plural (vós)4. O título em 21,1 não está no início; o título final em 23,13 não está no fim. Tudo isso é o produto de um processo de surgimento bem mais longo.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

BONHOEFFER E O CONHECIMENTO QUERIGMÁTICO E TEOLÓGICO

     O conhecimento querigmático é o conhecimento do pregador enquanto tal; em virtude de sua função, ele deve "conhecer" aquilo que prega: o Cristo crucificado. Pelo poder que lhe é conferido pelo próprio Cristo através da congregação dos fiéis, o pregador tem plena autoridade para proclamar o Evangelho a quem o escuta e para perdoar-lhe os pecados com a palavra e os sacramentos. Não pode haver qualquer dúvida a esse respeito, porque o sujeito da pregação é o próprio Cristo. O pregador, todavia, deve se contentar com as palavras, as proposições, as recordações do evento divino; ele não pode apresentar a palavra viva e criadora de Cristo. A pregação, porém, enquanto função da congregação, está conexa à promessa de que, quando o pregador pronuncia as "palavras" e as "proposições" retamente (rede docetur), o Cristo vivo presta testemunho de si mesmo nelas. Mas como pode o pregador falar "retamente"? Esse é o problema do conhecimento teológico. 

     O conhecimento teológico é o conhecimento eclesial que tem por objeto o evento que foi preservado na memória da comunidade cristã, na Bíblia, na pregação, nos sacramentos, na oração. "A teologia",declara Bonhoeffer, "é uma função da Igreja; porque não há Igreja sem pregação, nem pregação sem memória; ora, a teologia é a memória da Igreja. Enquanto tal, ela ajuda a Igreja a compreender os pressupostos de uma pregação cristã, ou, em outros termos, serve à formação dos dogmas". O caráter eclesial do saber teológico é evidenciado por Bonhoeffer também em sua aula inaugural na Universidade de Berlim em 1930, sobre o terna "A questão do homem na filosofia e na teologia contemporâneas". Naquela ocasião, entre outras coisas, disse: "Somente como pensamento da Igreja é que o pensamento teológico se mantém em definitivo como o único pensamento que não racionaliza a realidade através das categorias do possível. Dessa maneira, não somente cada simples problema teológico é remetido à realidade da Igreja, como também o pensamento teológico se reconhece no conjunto apenas como pensamento que se desenvolve na Igreja" . A razão principal que distingue a teologia das ciências profanas afirma ainda Bonhoeffer em A k t u n d Sein  é a obediência: a obediência que ela deve à Igreja. O saber teológico deve reconhecer os seus limites e submeter-se humildemente ao juízo da comunidade cristã, a qual sabe que a Palavra, objeto da teologia, ultrapassa continuamente os limites da ciência teológica. 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A CRISTOLOGIA PAULINA

Quando estamos observando os escritos do Ap. Paulo, iremos perceber a abordagem cristológica de Paulo em suas cartas.  Ao analisar a singularidade da cristologia paulina, precisamos nos lembrar de que não estamos investigando sua originalidade entre as cristologias neo-testamentárias. Procurar sua originalidade acarretaria a discussão do que separa completamente a cristologia paulina de outras cristologias neo-testamentárias. Em vez disso, desejamos analisar o que caracteriza a cristologia paulina. Dificilmente podemos afirmar que na cristologia paulina há alguma coisa única, totalmente sem analogia alhures no NT. A preexistência, a divindade e a humanidade de Cristo são encontradas fora de Paulo. A ênfase no Cristo crucificado é encontrada nos evangelhos e também nos Atos, em Hebreus e alhures no NT. A ênfase no fato de Jesus ser judeu e em sua ressurreição também encontra analogias. Por fim, a ideia de Cristo como encarnação da Sabedoria divina é encontrada em Mateus. Assim podemos constatar que Paulo possui uma exegese própria em seus textos, sendo a sua interpretação gramatical, geográfica e histórica dentro de sua realidade eclesiológica e cultural. Tendo o cuidado de nesta sua contextualização de assuntos tratados por outros hagiógrafos do cânon do Novo Testamento, não venha o assunto se distanciar de suas fontes e fundamentos. Na verdade está Paulo colaborando, concedendo ao texto e assunto em pauta uma roupagem coadunada com as realidades do povo ao qual o assunto está sendo discutido.  Um aspecto do pensamento de Paulo, foi a maior força modeladora no resto do universo de seu pensamento, o que pode ser demonstrado de várias maneiras. Paulo difere dos evangelhos. Mas também é possível afirmar que o aspecto mais inconfundível da cristologia paulina é a tipologia do último Adão. Esse tema cristológico não foi apenas uma tentativa de dar à cristologia do Filho do homem uma nova explicação para os gentios. Primeiro, as fontes são diferentes; a cristologia paulina do último Adão recorre ao Gênesis, enquanto o material a respeito do Filho do homem se baseia em Daniel 7. Além disso, a cristologia do Filho do homem não tem nada a ver com o fundador de uma nova raça de seres humanos; concentra- se, de modo mais específico, em um representante de Israel. 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

PRIMÓRDIOS DO ANTISSEMETISMO

     Os primórdios do movimento antissemita moderno datam, em toda parte, do último terço do século XIX. Na Alemanha começou, de modo inesperado, novamente entre a nobreza, cuja oposição ao Estado foi de novo provocada pela transformação da monarquia prussiana num Estado-nação completado depois de 1871. Bismarck, o verdadeiro fundador do Reich alemão, havia mantido estreitas relações com os judeus desde a época em que era primeiro-ministro; agora era acusado de depender e de aceitar o suborno dos judeus. Sua tentativa  e o parcial sucesso — de abolir os vestígios feudais resultou inevitavelmente em conflito com a aristocracia; os ataques a Bismarck mostravam-no como vítima inocente, ou como agente, a soldo do judeu Bleichroeder. Na realidade, a relação era exatamente oposta: Bleichroeder era sem dúvida um agente muito estimado e bem pago de Bismarck. Não obstante, a aristocracia feudal, embora ainda bastante poderosa para influenciar a opinião pública, não era por si mesma bastante forte ou importante para iniciar um verdadeiro movimento anti-semita, como o que começou na década de 80. Seu porta-voz, o capelão da corte Stoecker, ele próprio nascido na classe média inferior, era representante muito menos sagaz dos interesses conservadores do que os seus predecessores, os intelectuais românticos, que haviam formulado os pontos principais da ideologia conservadora uns cinquenta anos antes. Além disso, descobriu a utilidade da propaganda antissemita não graças a considerações práticas ou teóricas, mas por acaso, quando percebeu a sua utilidade para lotar auditórios que, de outra forma, permaneceriam vazios. Mas, sem compreender seu repentino sucesso, como capelão da corte e empregado tanto da família real como do governo, ele dificilmente estava em posição de usá-lo adequadamente. Seu público entusiasmado era composto exclusivamente de pequenos burgueses, isto é, de lojistas e negociantes, artesãos e artífices à moda antiga, e os sentimentos anti-judaicos dessa gente não eram ainda, e por certo não exclusivamente, motivados pelo conflito com o Estado.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O PORQUE DO ANTI-SEMITISMO

Muitos ainda julgam que a ideologia nazista girou em torno do antissemitismo por acaso, e que desse acaso nasceu a política que inflexivelmente visou a perseguir e, finalmente, exterminar os judeus. O horror do mundo diante do resultado derradeiro, e, mais ainda, diante do seu efeito, constituído pelos sobreviventes sem lar e sem raízes, deu à "questão judaica" a proeminência que ela passou a ocupar na vida política diária. O que os nazistas apresentaram como sua principal descoberta, o papel dos judeus na política mundial e o que propagavam como principal alvo.
      A perseguição dos judeus no mundo inteiro foi considerado pela opinião pública mero pretexto, interessante truque demagógico para conquistar as massas. É bem compreensível que não se tenha levado a sério o que os próprios nazistas diziam. Provavelmente não existe aspecto da história contemporânea mais irritante e mais mistificador do que o fato de, entre tantas questões políticas vitais, ter cabido ao problema judaico, aparentemente insignificante e sem importância, a duvidosa honra de pôr em movimento toda uma máquina infernal. Tais discrepâncias entre a causa e o efeito constituem ultraje ao bom senso a tal ponto que as tentativas de explanar o antissemitismo parecem forjadas com o fito de salvar o equilíbrio mental dos que mantêm o senso de proporção e a esperança de conservar o juízo. Uma dessas apressadas explicações identifica o antissemitismo com desenfreado nacionalismo e suas explosões de xenofobia. Mas, na verdade, o antissemitismo moderno crescia enquanto declinava o nacionalismo tradicional, tendo atingido seu clímax no momento em que o sistema europeu de Estados nações, com seu precário equilíbrio de poder, entrara em colapso. Os nazistas não eram meros nacionalistas. Sua propaganda nacionalista era dirigida aos simpatizantes e não aos membros convictos do partido. Ao contrário, este jamais se permitiu perder de vista o alvo político supranacional. O "nacionalismo" nazista assemelhava-se à propaganda nacionalista da União Soviética, que também é usada apenas como repasto aos preconceitos das massas. Os nazistas sentiam genuíno desprezo, jamais abolido, pela estreiteza do nacionalismo e pelo provincianismo do Estado.
   O antissemitismo alcançou o seu clímax quando os judeus haviam, de modo análogo, perdido as funções públicas e a influência, e quando nada lhes restava senão sua riqueza. Quando Hitler subiu ao poder, os bancos alemães, onde por mais de cem anos os judeus ocupavam posições chave, já estavam desjudaízados, e os judeus na Alemanha, após longo e contínuo crescimento em posição social e em número, declinavam tão rapidamente que os estatísticos prediziam o seu desaparecimento em poucas décadas. É verdade que as estatísticas não indicam necessariamente processos históricos reais: mas é digno de nota que, para um estatístico, a perseguição e o extermínio dos judeus pelos nazistas pudessem parecer uma insensata aceleração de um processo que provavelmente ocorreria de qualquer modo, em termos da extinção do judaísmo alemão.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

APOCALIPSES "LER E GUARDAR"

  No Apocalipses temos uma ordem que fica expressa aos leitores, "Bem aventurado os que leem e guardam", sim as suas profecias devem ser guardadas pois são revelações que irão se cumprir em seus dados tempos e da forma como Deus determinar. 
   Elas estão vinculadas ao propósito ético do livro; algumas exortam os santos a perseverar e viver uma vida exemplar à luz dessas profecias (1.3; 16.15; 22.7) e outras lhes prometem recompensas futuras se assim se comportarem (14.13; 19.9; 20.6; 22.14). Em Apocalipse, (makarios, bem-aventurado) é empregado de modo semelhante às bem-aventuranças de Mateus 5 e Lucas 6, trazendo em detalhes tanto as exortações (padrões esperados por Deus) quanto o consolo (recompensas prometidas aos fiéis). As bênçãos de Deus acompanharão os que perseverarem. Em 1.3,  é seguido de sujeitos no singular (aquele que lê) e no plural (aqueles que ouvem). 
    E provável que na igreja do primeiro século os presbíteros ou líderes leigos fossem os que normalmente liam as Escrituras, mas não existem evidências de quantas leituras eram feitas. Sabemos que as cartas de Paulo eram muitas vezes escritas para serem lidas durante o culto (lTs 5.27; Cl 4.16; possivelmente E f 3.4) e, com base em 1.3 e 22.18,19, Apocalipse também se destinava à leitura nos cultos.
       Esses dois conceitos, ouvir e guardar, aparecem juntos com bastante frequência no AT e também no NT. O fato é que o verbo hebraico traduzido por “ouvir” também significa “obedecer”; da perspectiva bíblica, os dois conceitos são inseparáveis. Mais uma vez, é no Evangelho de João que se vê a maior ênfase nos escritos neotestamentários. Em 1.37,40, “ouvir” está associado a “seguir” no contexto dos discípulos de João Batista que vão a Jesus. Em 4.42 (cf. 5.24), esse ato leva a “crer” e “saber”; em 5.25 e 5.28,29, conduz à vida; em 8.28, à ação; e em 8.47, ouvir é conseqüência de “pertencer a Deus”.Assim podemos concluir que o sentido expresso de "ler e guardar", esta no âmbito do sagrado e também do compromisso que se valida nos textos e palavras registradas no livro, tido como o manual do fim de todas as coisas. 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O APOCALIPSES E SEUS MISTÉRIOS

Apocalipses que para muitos pode ser a mais indecifrável palavra ou terminologia; alguns inclusive ficam entre a ficção e alguns mitos extraídos desta revelação; que está além das ideias ou ideologias; porque é Sagrado, estando inserido no cânon do Novo Testamento. Mas o que na pauta do livro está registrado, o que seria? Ou qual a forma que é percebida na aplicabilidade deste texto?
     Em Apocalipse está claro que um dos maiores problemas dos cristãos na província da Ásia é uma forma de adoração ao imperador (13.4,14-17; 14.9; 15.2; 16.2; 19.20; 20.4). No mundo romano, isso começou cedo, com a deificação de Júlio César e Augusto, seguidos por Cláudio e Vespasiano. Mas o costume dessa época era deificar o imperador após sua morte, e não adorar um soberano que ainda estivesse vivo. Calígula exigiu ser adorado, mas não foi reconhecido como divino pelo senado. Tibério e Cláudio não aceitaram ser deificados durante a vida. O que mais nos interessa com relação ao nosso assunto é que Nero não foi deificado, embora haja indícios de que este fosse seu desejo.
   Nesta evidencia histórica e popular daquele período de domínio romano da política e do império e que surge esta sagrada revelação de Deus, o livro que nos deixa registrado tudo o que ainda irá se tornar realidade, no futuro profético.
Apocalipse fala de certa estabilidade na situação das igrejas, mas sem excluir um nível razoável de perseguição (1.9; 2.2,3,9,10,13; 3.8,10). Contudo, as perseguições vinham, em grande parte, dos judeus (2.9; 3.9) e o martírio de Antipas (2.13) era fato do passado. Em Apocalipse, há poucos sinais de uma perseguição romana oficial na época da composição do livro e somente duas cartas mencionam algum tipo de aflição (Esmirna e Tiatira), embora a carta a Filadélfia pressuponha situação semelhante. A perspectiva do livro é de que a maior parte da opressão está por vir (6.9-11; 12.11; 13.7,10,15; 16.6; 17.6; 18.24; 19.2; 20.4).

    Portanto muito mais fatos e atos estão fixos neste registro sagrado que contem na Bíblia Sagrada, assim muitos mais assuntos e pontos de vistas podemos e iremos ver neste descrição histórica e teológica do livro do Apocalipses.