domingo, 13 de outubro de 2013

TOMAS DE AQUINO


TOMAS DE AQUINO E A RELIGIÃO

Tomas de Aquino visualiza e identifica a religião na seguinte perspectiva; um ato de justiça consiste em devolvermos a alguém o que lhe devemos, de tal maneira que o que lhe devolvermos seja igual ao que lhe devíamos. Assim definida, a justiça pressupõe ao menos duas noções: a de dívida e a de igualdade. No entanto, existem certas virtudes – anexas à virtude da justiça – que das duas noções contêm apenas uma, por exemplo, a de dívida. Sem dúvida, o exemplo mais eloquente neste sentido é a virtude da religião. Nela o homem reconhece que deve tudo a Deus e que é incapaz de saldar totalmente esta dívida, visto que não há nada que possa dar a Deus que já não tenha dEle recebido. Em outras palavras, pela virtude da religião assumimos que temos uma dívida impagável com Deus. Agora bem, do fato de uma dívida não poder ser paga, não se segue que possamos simplesmente negá-la. Antes, o fato em si de ela ser impagável só aumenta o nosso compromisso de reconhecermo-nos devedores daquele a quem tudo devemos. Portanto, a religião é uma virtude, anexa à virtude da justiça, que consiste no ato pelo qual reconhecemos que temos uma dívida impagável para com Deus. Como toda virtude, também o exercício da virtude da religião nos torna bons. Ademais, como existe um único Deus, e como um hábito se distingue d’outro pelo seu objeto formal, a virtude da religião, uma vez que se ordena formalmente à reverência ao Deus único enquanto criador e governador de tudo o que existe,é um hábito único. Donde só poder haver uma única virtude da religião e, consequentemente, uma única religião verdadeira. E há mais. A religião não é apenas uma virtude distinta de todas as outras, ela é, ademais, superior a todas as demais, em virtude de possuir um fim mais alto. A fim de esclarecermos esta assertiva, estabeleçamos, de início, um princípio: todo superior é digno de receber homenagem. Ora, a superioridade de Deus é singular, uma vez que Ele é superior a tudo o que há, já que foi Ele quem tudo criou. Logo, Deus é digno de que lhe rendamos uma homenagem da qual somente Ele é merecedor. Por conseguinte, a virtude da religião não pode consistir numa homenagem da mesma ordem daquela que prestamos, por exemplo, a um rei ou a um pai ou a qualquer outra criatura. Destarte, a honra prestada a Deus deve estar acima de todas as outras, posto que se trata de uma honra que é devida somente ao rei do universo, fonte e origem de tudo o que existe