quinta-feira, 9 de outubro de 2014

CONCEPÇÕES NO JESUS HISTÓRICO

      A pessoa de Jesus ocupou a atenção dos teólogos desde o primeiro século da era cristã. Nos primeiros tempos, a discussão ficou centrada sobre a sua humanidade e a sua divindade. Os credos são a resposta da Igreja às perguntas inquietantes das pessoas que se sentiam na obrigação de serem honestas com suas dúvidas, no momento em que a fé teve que dialogar com a cultura. A patrística, tanto oriental quanto ocidental, testemunha esse vibrante debate acontecido nos primeiros séculos da era cristã.
      No século XVIII, novamente a questão da pessoa de Jesus de Nazaré volta ao debate, despertada pelo iluminismo racionalista. Agora a discussão enfoca a historicidade de Jesus de Nazaré. Foi colocado o problema da Cristologia de um modo diferente daquele dos primeiros séculos. O tema agora é se os fundamentos históricos da fé cristã, extraídos dos Evangelhos, a respeito do Jesus de Nazaré, têm consistência histórica. O debate recolocou a questão da messianidade de Jesus e as esperanças salvíficas que ela produz. Gerd Theissen acredita que “os discípulos foram os primeiros a suplantar o colapso dessas esperanças ao substituir o Messias político, redentor de Israel, por um Messias espiritual (O Messias como redentor dos pecados)”.

         H. S. Reimarus (1694-1768) introduziu a discussão do que é histórico e o que é apostólico nos Evangelhos. Ao fazê-lo viu-se diante de um problema tão delicado que nem mesmo se animou a publicar a sua obra. Nela, ele dizia que “o Jesus histórico era um judeu revolucionário que fracassou na tentativa de fundar um reino messiânico terrestre, ao passo que o Cristo apostólico, ressuscitado e esperado para o fim dos tempos, é invenção dos discípulos para acobertar o furto de seu corpo, que eles mesmos perpetraram, tirando-o do túmulo”. Posteriormente, D. F. Strauss (1808-1873), volta ao debate, agora aplicando os princípios da crítica literária e da história aos Evangelhos. Escreve uma Vida de Jesus (1835) e defende que "não é importante saber o que Jesus foi historicamente (Jesus é personagem “mitológico”)"; para nós o que interessa é a mensagem profunda do Cristianismo"