terça-feira, 28 de outubro de 2014

FÉ NO NÚCLEO CENTRAL DA TEOLOGIA

     O primeiro passo constituinte do núcleo da teologia é a experiência de fé. Essa experiência, porém, não significa o domínio sobre a fé, como quem conhece algo calcado numa experimentação. Fé significa, em vez disso, “estar possuído por aquilo que nos toca incondicionalmente. “Essa experiência não se dá em determinada dimensão da vida, tampouco se oferece a um ou outro sentido; antes, é “o ato mais íntimo e global do espírito humano”.  “Ela ultrapassa cada uma das áreas da vida humana, ao mesmo tempo que se faz sentir em cada uma delas.” Em si, a experiência de fé não significa experiência de conhecimento, justamente porque isso demandaria a apreensão do conhecido. No caso da experiência de fé, não se apreende um dado cognoscível, antes se é apreendido nas teias do sagrado. Essa experiência, porém, não é irracional, tampouco respeita os cânones da racionalidade iluminista, como afirma Tillich:
“ Fé não é, portanto, um ato de forças irracionais quaisquer, assim como também não é um ato do inconsciente; ela é, isto sim, um ato em que se transcendem tanto os elementos racionais como não-racionais da vivência humana.”

   A experiência de fé pode ser caracterizada, então, como uma experiência extática, em oposição a inerte, marcando seu caráter supra-intelectual e seu sentimento de estreita comunhão e dependência do sagrado. As forças que manejam essa dimensão da vida concreta de homens e mulheres não são aquelas do domínio da cognoscibilidade. São de outra ordem, mais “rebeldes”, pouco respeitadoras da tendência unívoca da teologia sistemática. Portanto nos horizontes da fé no centro do convívio inquiridor da teologia, existe o elo crença e religião na cosmovisão da sociedade e do homem em seu interior na busca do sagrado.