quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O JUDAÍSMO E SUAS ORIGENS

    O judaísmo não é apenas uma religião, mas também uma maneira de se viver e uma cultura. Ele é bastante diverso. Alguns judeus são completamente secularizados e não praticam nenhum dos rituais religiosos estipulados pelo Halakah (o código de leis judaicas). Alguns, entretanto, observam certas celebrações judaicas e dias santos, ainda que essas práticas não sejam vistas como especificamente religiosas. Outros, por sua vez, baseiam todos os aspectos de suas vidas no judaísmo. Assim, percebe-se claramente que tratar do judaísmo é tratar de um assunto complexo e com diversas ramificações filosóficas, religiosas, sociais e culturais. Nesse sentido, torna-se tarefa hercúlea expor todos seus pormenores. Portanto, o que se pretende aqui é apenas traçar um panorama que seja introdutório ao tema e convide o graduando a se enveredar por outros textos que complementem seu conhecimento. Para tal, dividiu-se a exposição em seis tópicos: nascimento do judaísmo, estrutura sociocultural e religiosa do judaísmo, fé monoteísta, diáspora, principais correntes do judaísmo (ortodoxo, histórico e reformado – movimento sionista, a Shoah) e Tora.

   Podemos dividir a história do judaísmo em cinco fases ou eras: bíblica, talmúdica, medieval, moderna e contemporânea. Na verdade, não há consenso absoluto sobre essa divisão e muitos teóricos que se dedicam ao tema propõem que a criação do Estado de Israel, em 1948, indique o início de uma nova fase (ou era) e que, portanto, os títulos atribuídos às eras já existentes deveriam ser repensados. De qualquer forma, essas balizas nos ajudam a pensar esse texto cujo foco principal serão a era bíblica e parte da era talmúdica. Originalmente, os judeus são descendentes de grupos que viviam na Mesopotâmia, chefiados por patriarcas e que emigraram para Canaã, região na qual hoje se localiza a Palestina. A bíblia nos fala de importantes patriarcas hebreus – Abraão, Isaque e Jacó, que foram chefes de clãs seminômades que viviam na região hoje conhecida como Palestina e, também, por vezes, deslocavam-se para a Mesopotâmia e Egito.

     De qualquer forma, a figura de Abraão não pode ser ignorada para aqueles que pretendem conhecer o judaísmo. Tampouco se pode ignorar o fato de que com ele estabeleceu-se uma linhagem de líderes, no sentido de que foi sucedido como patriarca por seu filho Isaac e que a este se sucedeu seu neto, Jacó, também chamado de Israel. Jacó teve doze filhos e, entre eles, o favorito era José. Seus irmãos temiam que o pai lhe deixasse os direitos de patriarca. Para que isso não acontecesse, decidiram vendê-lo como escravo a mercadores árabes, que o levaram para o Egito. Contudo, por conta de sua habilidade em interpretar sonhos, José não permaneceu por muito tempo como escravo. Tendo, nessa qualidade, interpretado favoravelmente os sonhos dos faraós, foi nomeado conselheiro do Ministro, uma espécie de chanceler.

     Os textos sagrados contam que então houve uma grande fome e que os irmãos de José precisaram ir ao Egito comprar grãos. Terminam a história com o reencontro: em vez dos irmãos encontrarem-no como um escravo esfomeado, encontraram-no como um homem rico e influente que conseguiu permissão junto ao faraó para que sua família se mudasse para uma terra mais rica. Como Jacó (Israel) era o chefe de todo o povo, ao permitir que a família de José lá se instalasse, o faraó estava, na verdade, permitindo que todos os hebreus se mudassem para suas terras