sábado, 9 de outubro de 2010

  HOBBES E O ESTADO NATUREZA.

A referência implícita aqui é à idéia de “estado de natureza”, objeto das considerações de Hobbes durante o século 17. Durkheim reconhece que a anarquia é dolorosa, os indivíduos sofrem com os conflitos desordens, e com a sensação de hostilidade geral e de desconfiança mútua quando eles se tornam crônicos. O mundo moderno caracterizar-se-ia por uma redução na eficácia de determinadas instituições integradoras como a religião e a família, já que as pessoas passam a agrupar-se segundo suas atividades profissionais. A família não possui mais a antiga unidade e indivisibilidade, tendo diminuído a sua influência sobre a vida privada, o Estado mantém-se distante dos indivíduos, tendo “com eles relações muito exteriores e muito intermitentes para que lhe seja possível penetrar profundamente nas consciências individuais e socializá-las interiormente”. Por outro lado, a diversidade de correntes de pensamento torna as religiões pouco eficazes nesses aspectos, na medida em que não mais subordinam completamente o fiel, subsumindo-o no sagrado. Com isso, a profissão assume importância cada vez maior na vida social, tornando-se herdeira da família, substituindo-a e excedendo-a. Mas ela própria somente é regulada no interior da esfera de suas próprias atividades. Por isso é que Durkheim procurou no campo do trabalho, nos grupos profissionais, um lugar de reconstrução da solidariedade e da moralidade integradoras das quais lhe pareciam tão carentes as sociedades industriais. Nesse caso, o grupo profissional ou corporação cumpria as duas condições necessárias para a regulamentação da vida social, então anárquica, já que estaria interessado na vida econômica e tem uma perenidade ao menos igual à da família.