terça-feira, 15 de setembro de 2015

KIERKEGAARD E O ANTROPOCENTISMO TEOLÓGICO



O antropocentrismo teológico contemporâneo deve-se muito à influência do existencialismo de Kierkegaard. Este filósofo dinamarquês influenciou a neo-ortodoxia de Barth, a ponto de ter este dito no prefácio da segunda edição de Der Rõmerbrief: “Se tenho um sistema, ele está limitado ao reconhecimento do que Kierkegaard chamou de ‘distinção qualitativa infinita’ entre o tempo e a eternidade  Kierkegaard criticou a falta de espaço para o homem, como indivíduo, ao questionar o cristianismo como fruto da filosofia religiosa de Hegel. A exaltação hegeliana do absoluto e radical imanentismo de Deus transformava-o em um ser impessoal. Legava ainda aos homens uma religião secularizada, a ponto de identificar Deus com o espírito absoluto, produto dos conhecimentos humanos e da marcha da civilização para a frente. Embora Kierkegaard estivesse certo, deve-se ter em mente que, ao serem lançadas no mundo, as idéias não mais pertencem a quem as emitiu. Seus seguidores foram ao extremo ao conceder ao homem concreto, a sua existência histórica, a fonte de autoridade, legando-nos assim o existencialismo. E cá estamos nós num mundo em que Protágoras de Abdera parece ter sintetizado bem em sua famosa frase: “O homem é a medida de todas as coisas; daquelas que são, enquanto são; e daquelas que não são, enquanto não são”. Isso explica parte do emaranhado doutrinário do evangelicalismo mais popular. A multiplicidade de visões, sonhos, palavras de homens com acesso especial a Deus, para citar alguns, apenas enfraquece a autoridade da Escritura.