terça-feira, 6 de janeiro de 2015

APOCALIPSES "LER E GUARDAR"

  No Apocalipses temos uma ordem que fica expressa aos leitores, "Bem aventurado os que leem e guardam", sim as suas profecias devem ser guardadas pois são revelações que irão se cumprir em seus dados tempos e da forma como Deus determinar. 
   Elas estão vinculadas ao propósito ético do livro; algumas exortam os santos a perseverar e viver uma vida exemplar à luz dessas profecias (1.3; 16.15; 22.7) e outras lhes prometem recompensas futuras se assim se comportarem (14.13; 19.9; 20.6; 22.14). Em Apocalipse, (makarios, bem-aventurado) é empregado de modo semelhante às bem-aventuranças de Mateus 5 e Lucas 6, trazendo em detalhes tanto as exortações (padrões esperados por Deus) quanto o consolo (recompensas prometidas aos fiéis). As bênçãos de Deus acompanharão os que perseverarem. Em 1.3,  é seguido de sujeitos no singular (aquele que lê) e no plural (aqueles que ouvem). 
    E provável que na igreja do primeiro século os presbíteros ou líderes leigos fossem os que normalmente liam as Escrituras, mas não existem evidências de quantas leituras eram feitas. Sabemos que as cartas de Paulo eram muitas vezes escritas para serem lidas durante o culto (lTs 5.27; Cl 4.16; possivelmente E f 3.4) e, com base em 1.3 e 22.18,19, Apocalipse também se destinava à leitura nos cultos.
       Esses dois conceitos, ouvir e guardar, aparecem juntos com bastante frequência no AT e também no NT. O fato é que o verbo hebraico traduzido por “ouvir” também significa “obedecer”; da perspectiva bíblica, os dois conceitos são inseparáveis. Mais uma vez, é no Evangelho de João que se vê a maior ênfase nos escritos neotestamentários. Em 1.37,40, “ouvir” está associado a “seguir” no contexto dos discípulos de João Batista que vão a Jesus. Em 4.42 (cf. 5.24), esse ato leva a “crer” e “saber”; em 5.25 e 5.28,29, conduz à vida; em 8.28, à ação; e em 8.47, ouvir é conseqüência de “pertencer a Deus”.Assim podemos concluir que o sentido expresso de "ler e guardar", esta no âmbito do sagrado e também do compromisso que se valida nos textos e palavras registradas no livro, tido como o manual do fim de todas as coisas.