terça-feira, 28 de outubro de 2014

FÉ NO NÚCLEO CENTRAL DA TEOLOGIA

     O primeiro passo constituinte do núcleo da teologia é a experiência de fé. Essa experiência, porém, não significa o domínio sobre a fé, como quem conhece algo calcado numa experimentação. Fé significa, em vez disso, “estar possuído por aquilo que nos toca incondicionalmente. “Essa experiência não se dá em determinada dimensão da vida, tampouco se oferece a um ou outro sentido; antes, é “o ato mais íntimo e global do espírito humano”.  “Ela ultrapassa cada uma das áreas da vida humana, ao mesmo tempo que se faz sentir em cada uma delas.” Em si, a experiência de fé não significa experiência de conhecimento, justamente porque isso demandaria a apreensão do conhecido. No caso da experiência de fé, não se apreende um dado cognoscível, antes se é apreendido nas teias do sagrado. Essa experiência, porém, não é irracional, tampouco respeita os cânones da racionalidade iluminista, como afirma Tillich:
“ Fé não é, portanto, um ato de forças irracionais quaisquer, assim como também não é um ato do inconsciente; ela é, isto sim, um ato em que se transcendem tanto os elementos racionais como não-racionais da vivência humana.”

   A experiência de fé pode ser caracterizada, então, como uma experiência extática, em oposição a inerte, marcando seu caráter supra-intelectual e seu sentimento de estreita comunhão e dependência do sagrado. As forças que manejam essa dimensão da vida concreta de homens e mulheres não são aquelas do domínio da cognoscibilidade. São de outra ordem, mais “rebeldes”, pouco respeitadoras da tendência unívoca da teologia sistemática. Portanto nos horizontes da fé no centro do convívio inquiridor da teologia, existe o elo crença e religião na cosmovisão da sociedade e do homem em seu interior na busca do sagrado.


terça-feira, 21 de outubro de 2014

CONCEPÇÕES TEOLÓGICAS DE BARTH SOBRE A TEONTOLOGIA

            A estrutura da teologia de Barth e completamente cristocêntrica. O começo, o meio e o fim de toda doutrina e a figura de Jesus Cristo - sua vida, morte, ressurreição, exaltação e união eterna com Deus, o Pai. A cada encruzilhada doutrinaria, Barth levantava a seguinte questão: Qual a visão correta disto a luz do agir de Deus em Jesus Cristo? Essa estrutura cristocêntrica oferece a coerência e unidade que fazem da extensa teologia de Barth um sistema. Para o teólogo suíço, Jesus Cristo e a única e singular revelação de Deus sobre si mesmo, a Palavra de Deus em pessoa. A partir dessa declaração básica de fé, Barth deduziu a divindade de Jesus Cristo: “a revelação e a interpretação desse Deus acerca de si mesmo. Se estamos tratando de sua revelação, estamos tratando do próprio Deus e não... de uma entidade distinta dele”. Um dos axiomas básicos de Barth e que por trás da realidade deve haver a possibilidade correspondente. Assim, se Jesus Cristo e quem a fé indica que ele e - a inigualável revelação do próprio Deus então, de algum modo, ele deve ser idêntico a Deus e não simplesmente um agente ou representante de Deus. Por trás da realidade da revelação e dentro dela, portanto, está a sua possibilidade - o Deus Triuno. Barth via na doutrina da Trindade a única resposta possível para a pergunta: Quem e esse Deus que se revela? Ele afirmava: “Assim, e o próprio Deus, o mesmo Deus sem prejuízo de sua unidade, que, de acordo com a compreensão bíblica de revelação, e, ao mesmo tempo, o Deus que se revela, a revelação em si e também o seu impacto sobre os homens”.  

          Contradizendo diretamente a abordagem de Schleiermacher, Barth colocou a doutrina da Trindade como ponto de partida para a teologia. Ele argumentava que: A doutrina da Trindade e o que, basicamente, define o caráter cristão da doutrina de Deus e, portanto, distingue como sendo cristão o conceito de revelação, diferente de outras doutrinas possíveis sobre Deus e sobre o conceito de revelação. De acordo com Barth, portanto, a revelação de Deus e o próprio Deus. Deus é quem ele se revela ser. Em decorrência disso, Jesus Cristo, como única e inigualável revelação de Deus, e idêntico a Deus e, portanto, verdadeiramente humano e verdadeiramente divino: “Jesus Cristo não e um semideus. Ele não e um anjo. Também não e um homem ideal” . “A realidade de Jesus Cristo está no fato de o próprio Deus encontrar-se presente encarnado. O próprio Deus e Sujeito, sendo e agindo de modo humano”

          Barth deixou claro que, ao falar sobre Jesus Cristo, ele estava falando sobre a encarnação da “Segunda forma do Ser” (Seinsweise) de Deus. Ele preferia o termo “forma” ao invés de “pessoa” pois, aos ouvidos modernos, a palavra pessoa inevitavelmente implica “personalidade” e Deus tem apenas uma personalidade.  Se Jesus Cristo fosse uma outra personalidade, diferente do Pai, ele não poderia ser a revelação do Pai. De acordo com Barth, Pai, Filho e Espirito Santo são formas divinas de ser que existem eternamente dentro da unidade absoluta de Deus. Ainda, a distinção entre essas formas estabelece a precondição para a revelação de Deus em Jesus Cristo e sua presença espiritual dentro da vida da igreja. Deste modo, quando Barth dizia que “Deus e Jesus Cristo e Jesus Cristo e Deus”, ele queria que essa afirmação fosse compreendida dentro do contexto da Trindade. Jesus Cristo e a segunda forma do ser de Deus, a reafirmação da própria personalidade do Pai.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

RELIGIÃO NO PERÍODO DO ILUMINISMO

        A era do Iluminismo desafiou os pontos de vista tradicionais e reformulou o pensamento em todas as áreas da sociedade ocidental. Porém, nenhuma dimensão foi mais afetada do que a crença religiosa. A Idade da Razão marcou a emancipação da cultura em relação ao domínio da igreja e do Cristianismo.
O movimento em direção à autonomia veio como resultado inevitável da nova mentalidade da época, dando início a uma outra visão da natureza da religião. Cada vez mais, os cientistas e teólogos passaram a diferenciar a “religião natural”  a existência de Deus e as leis morais racionalmente demonstráveis e conhecidas por todas as pessoas - e a “religião revelada” - as doutrinas conforme eram ensinadas pela Bíblia e pela igreja. Com o passar do tempo, esta segunda forma de religião começou a ser cada vez mais atacada e a primeira forma, elevada a condição de verdadeira religião. No final, a “religião natural” do Iluminismo ou religião da razão substituiu o enfoque tão característico da Idade Média e da Reforma sobre o dogma e a doutrina.
       O caminho intelectual para a primazia da religião natural sobre a religião revelada foi aberto pelo empirista britânico John Locke. Ele lançou a tese revolucionária de que, uma vez destituído de sua bagagem dogmática, o Cristianismo era a manifestação religiosa mais racional. Sobre as bases dessa visão de Locke, os pensadores do Iluminismo construíram o deísmo - uma alternativa teológica para
a ortodoxia. Os teólogos do deísmo desejavam reduzir a religião a seus elementos mais básicos, universais e, portanto, racionais. Os deístas acrescentavam ainda que, pelo fato de a religião natural ser racional, todas as religiões, inclusive o Cristianismo, deveriam estar em conformidade com ela. Como resultado, os vários dogmas da igreja considerados revelação já não serviam mais de parâmetro. Ao invés disso, as doutrinas deveriam ser avaliadas através da comparação com a religião da razão. O resultado foi uma religião que consistia em um número mínimo de dogmas para se crer: a existência de Deus, que podia ser provada através do mundo, a imortalidade da alma, e o castigo pelo pecado e bênção pela virtude recebidos após a morte. Na verdade, os deístas não viam a religião em sua essência como um sistema de crenças. O mais importante era o seu significado ético. Eles partiam do pressuposto de que o papel principal da religião era oferecer sanção divina para a moralidade. Ao mesmo tempo, 
      O Iluminismo elevava a capacidade humana de obter as verdades religiosas, reduzindo - ou até mesmo eliminando - a necessidade de uma religião revelada. Aquilo que era verdadeiramente importante havia sido escrito pelo Criador no grande livro da natureza e deixado aberto para que todos pudessem lê-lo. Como conseqüência, algumas vozes do Iluminismo criticaram duramente o Cristianismo, afirmando que, pelo menos em sua forma tradicional, ele era uma deturpação da religião da razão. Os pensadores do Iluminismo também atacaram os pilares centrais da apologética cristã daquela época - a crença nas profecias cumpridas e nos milagres e responsabilizaram as autoridades eclesiásticas pela ignorância e superstição do passado.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

CONCEPÇÕES NO JESUS HISTÓRICO

      A pessoa de Jesus ocupou a atenção dos teólogos desde o primeiro século da era cristã. Nos primeiros tempos, a discussão ficou centrada sobre a sua humanidade e a sua divindade. Os credos são a resposta da Igreja às perguntas inquietantes das pessoas que se sentiam na obrigação de serem honestas com suas dúvidas, no momento em que a fé teve que dialogar com a cultura. A patrística, tanto oriental quanto ocidental, testemunha esse vibrante debate acontecido nos primeiros séculos da era cristã.
      No século XVIII, novamente a questão da pessoa de Jesus de Nazaré volta ao debate, despertada pelo iluminismo racionalista. Agora a discussão enfoca a historicidade de Jesus de Nazaré. Foi colocado o problema da Cristologia de um modo diferente daquele dos primeiros séculos. O tema agora é se os fundamentos históricos da fé cristã, extraídos dos Evangelhos, a respeito do Jesus de Nazaré, têm consistência histórica. O debate recolocou a questão da messianidade de Jesus e as esperanças salvíficas que ela produz. Gerd Theissen acredita que “os discípulos foram os primeiros a suplantar o colapso dessas esperanças ao substituir o Messias político, redentor de Israel, por um Messias espiritual (O Messias como redentor dos pecados)”.

         H. S. Reimarus (1694-1768) introduziu a discussão do que é histórico e o que é apostólico nos Evangelhos. Ao fazê-lo viu-se diante de um problema tão delicado que nem mesmo se animou a publicar a sua obra. Nela, ele dizia que “o Jesus histórico era um judeu revolucionário que fracassou na tentativa de fundar um reino messiânico terrestre, ao passo que o Cristo apostólico, ressuscitado e esperado para o fim dos tempos, é invenção dos discípulos para acobertar o furto de seu corpo, que eles mesmos perpetraram, tirando-o do túmulo”. Posteriormente, D. F. Strauss (1808-1873), volta ao debate, agora aplicando os princípios da crítica literária e da história aos Evangelhos. Escreve uma Vida de Jesus (1835) e defende que "não é importante saber o que Jesus foi historicamente (Jesus é personagem “mitológico”)"; para nós o que interessa é a mensagem profunda do Cristianismo"

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

DANIEL O PROFETA

      
       O profeta bíblico foi o porta-voz de Deus, falando em nome de Deus para o seu povo de seus dias (ver Êxodo 4:15, 16; 7 :. 1, 2). Frase profética Clássica "assim diz o Senhor" incluído palavras de bênção para a obediência e julgamento para o pecado e rebelião (ver Deut. Bênçãos e maldições 28 dada por Moisés, o protótipo do clássico Profeta). Assim, a profecia tem duas abordagens: o presente, "esta idade" e do futuro ", em que dia" (ver Amós 5:18, onde "o dia do Senhor" é o juízo iminente sobre Israel por Assíria. Contudo, em 9:11 "on" a salvação escatológica de Israel). Muitas vezes, um julgamento histórico iminente era um tipo, ou um prelúdio para a intervenção escatológica do Senhor. Os dois aspectos do propósito redentor de Deus juntou. Assim, Daniel olhou para o grande inimigo escatológico, Antíoco Epifânio (11, 3), como um prelúdio para o redentor dia escatológico. Embora o estilo apocalíptico é uma profecia de uma natureza diferente, manifesta claramente a soberania de Deus sobre o futuro. Ao mesmo tempo, devido a um conhecimento detalhado do futuro estão seladas, as formas de expressão destes são independentes do presente. Portanto, o povo de Deus em  tempos de crise pode aplicar as verdades contidas na profecia a sua própria crise existencial, até que o Senhor vem! 

       Quanto à relação de Daniel 1-6 com os livros proféticos de Jeremias e Ezequiel: (1) vêm da mesma época e interpretam os mesmos eventos; (2) ter uma abordagem teológica semelhante como proclamações de eventos futuros que estão sujeitas a uma interpretação de acontecimentos contemporâneos foram feitas; (3) Daniel não foi encontrado em frases dos outros dois recursos como "Senhor o disse" ou "me veio da parte do Senhor." Daniel foi um estadista com sabedoria e dons proféticos (dos sábios). 

     Quanto à literatura de sabedoria, Daniel era a personificação da sabedoria (ver Eze 28: 3): (. 1.750 aC) (1) Daniel e Joseph foram superiores aos sábios do Egito e da Babilônia, instrumentos de Deus para atender seu objetivo global; (2) Job indica [p 405] que o saber sábio e siga o propósito de Deus em sua vida; (3) Provérbios personifica a sabedoria; (4) Eclesiastes ensina que a sabedoria em Israel e na lei do Senhor eram idênticas; (5) A profecia e sabedoria encontro de Daniel.


         Daniel era de linhagem real, ou, pelo menos, da nobreza israelita (1, 3). Ele cresceu na atmosfera do grande avivamento religioso do rei Josias que também era o tempo do ministério no início do profeta Jeremias. Levados cativos para a Babilônia, Daniel segurou sua fidelidade em todas as circunstâncias. É um novo tipo de profeta falava por Deus para ser um estatístico profissional. Deus não se limitou à sua palavra foi entregue apenas por meio de profetas profissionais. Nenhum profeta tradicional de Israel poderia ter funcionado nas cortes de Babilônia e na Pérsia; No entanto, Daniel foi capaz de fazer, já que ele sabia que os costumes deles, tanto quanto o caminho do Senhor. O segredo do seu sucesso é, em grande parte devido à sua dedicação total a Deus. Poderia servir o rei com integridade, mas, em primeiro lugar, sua lealdade era Deus. Ele ousou ser diferente, apesar de consequências. Hoje, Deus continua a chamar pessoas como Daniel para atendê-lo em um mundo pagão!