quarta-feira, 1 de maio de 2013


A NATUREZA CONDICIONAL DO CONCERTO.

A natureza condicional do concerto oferecida pelo Senhor (Ex 19.4-6) e aceita pelo povo (19.8) esta evidente acima de qualquer duvida pela forma do próprio texto do concerto. Este documento, que consiste de Êxodo 20.1 a 23.33, tem sido identificado, por muitos anos, como um texto de tratado. Atestados por todo o antigo Oriente Próximo desde os tempos antigos acadianos até aos neo-assirios. Mais particularmente, a forma Sinai tica assemelha-se a documentos recuperados de Hatusa, capital do Novo Reino Hitita. Esses documentos regulamentavam os negócios entre os diversos grandes reis hititas e os aliados subordinados e dependentes. Segundo os documentos hititas, o texto de Êxodo e seu material relacionado (especialmente Êxodo 24) contem seis elementos indispensáveis que possibilitam a identificação da forma literária. O padrão nestes tratados era uma declaração perambular inicial identificando as partes envolvidas no arranjo do concerto e, nas versões hititas, utilizando termos grandiloqüentes e exagerados em referencia ao rei. O preâmbulo no texto bíblico. Êxodo 20.2a, uma declaração incomparavelmente sublime em sua simplicidade. Tudo que diz .: “Eu sou o S e n h o r , teu Deus”. Não há necessidade de amontoar ditos superficiais e títulos de honra, pois a majestade e o poder infinito do grande Rei são inerentes ao próprio nome do concerto e ao seu trabalho eletivo e redentor a favor de Israel. Isto nos leva ao segundo elemento da forma de concerto: o prólogo histórico. Consistia geralmente em um discurso prolongado concernente a relação entre o soberano hitita e os seus antepassados e o regente vassalo e os seus antepassados. Apresentava o primeiro como protetor beneficente que agia desinteressadamente a favor do seu amigo mais fraco. Enfatizava que a graça do protetor se estendia independente da perversidade e infidelidade do vassalo. O prólogo tinha o propósito de estabelecer a base e a estrutura histórica nas quais a relação de concerto era empreendida com sucesso. A narrativa bíblica e, de novo, surpreendentemente concisa e direta ao ponto: “Eu [...] te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Ex 20.2b). Em contrapartida com a ladainha enfadonha e egoísta dos reis hititas esta a afirmação majestosa da reivindicação do Senhor a iniciação e fidelidade do concerto e Ele quem salvou o povo da escravidão irremediável e desesperadora ao despotismo egípcio. E mais do que certo que tal rei estava qualificado para ser e fazer tudo que o seu povo-servo exigisse. A terceira seção de um tratado entre soberano e vassalo era a seção de estipulação, que, ocasionalmente era subdividida entre um conjunto geral de exigências e um conjunto que traçava exigências especificas e detalhadas. O ultimo grupo seria equivalente a emendas ou explanações dos princípios expressos nas estipulações gerais. E o que ocorre no modelo Sinai tico, pois Êxodo 20.3-17 (os “Dez Mandamentos”) contem as clausulas de estipulação gerais, ao passo que Êxodo 20.22 a 23.33 (o “livro do concerto”) corresponde a exposição detalhada ou seção de estipulação; especifica. Esta distinção esta clara pela interrupção que ocorre no documento entre Êxodo 20.17 e 20.23 e também pelos termos técnicos usados mais tarde para descrever as respectivas partes. Êxodo 24.3 destaca que Moises disse ao povo “todas as palavras do S e n h o r e todos os estatutos”. “Palavras” . tradução; do hebraico debarim, termo usado em outro lugar para descrever os Dez Mandamentos, ao passo que “estatutos” e tradução de mispatim, regularmente usado; para referir-se a estatutos especificos. Mais tarde, exploraremos a relação destas duas seções estipuladas. A quarta divisão, que trata da provisão para o deposito do documento e da leitura publica periódica, encontra-se fora do texto do concerto do êxodo. Na realidade, são o deposito do texto e mencionado aqui. Na versão deuteronomica também consta a exigência de leitura publica (Dt. 6.4-9). Vemos a importância de colocar o documento do concerto dentro do Tabernaculo (e depois, no Templo), a residência terrena do Senhor, pelo fato de a arca do concerto ser o primeiro item de “mobília” alistado nas instruções para a construção do Tabernaculo (Ex 25.10-22). Era uma caixa de madeira de acácia que servia de receptáculo para o texto do concerto sináitico e de trono símbolo.