terça-feira, 6 de novembro de 2012



LIBERALISMO E MODERNISMO - P.2


Continuando a abordar sobre o liberalismo e suas perspectivas, agora iremos ver sobre as influencias da razão. As intuições que ocorrem ao homem e à razão se constituem nos melhores indícios através dos quais podemos nos informar sobre a natureza de Deus. A mente deve conservar-se aberta a todas as verdades, não importando a procedência delas. Isso quer dizer que os liberais se propõem a manter a mente livre de preconceitos; nenhum problema lhes parece vedado ao meticuloso exame da razão. O surgimento de fatos novos poderá sempre concorrer para que se modifiquem as convicções consagradas pelos costumes e pelo tempo. Os liberais procuram devassar o desconhecido, possuídos que estão da profunda convicção de que qualquer verdade que surja será inevitavelmente uma verdade Divina. Animados desse espírito, os liberais aceitam cordialmente as conclusões da alta crítica bíblica e a teoria da evolução. Recusam-se a admitir uma religião que tenha medo da verdade ou que procure se proteger das investigações da crítica.Torna-se evidente que, na medida em que alguém se mantém liberal com base no método que adota, as conclusões prováveis poderão ser diametralmente opostas. Não é coisa inimaginável, por exemplo, que alguém possa obedecer a esse método liberal e chegar à adoção de uma teologia bem parecida com a conservadora. Entretanto, o liberalismo foi associado a certas conclusões, tanto quanto com o método descrito, de modo que, uma vez que temos de continuar a análise da escola, é necessário que examinemos algumas das aludidas conclusões.Subjazendo ao liberalismo teológico tal como veio a proliferar nos primeiros vinte e cinco anos deste século, encontra-se a influência da filosofia do Idealismo Absoluto, originária de Hegel e de Lotze, mas reinterpretada na América do Norte por Josiah Royce. O Idealismo Absoluto tem suas bases na idéia de que, se o homem pode crer no próprio conhecimento, será imprescindível supor a existência de uma estrutura racional do universo fora dos domínios de sua mente. As faculdades da razão humana, sua lógica e suas suposições apriorísticas só poderão funcionar para nos dar conhecimento do mundo se admitirmos que o mundo obedece a princípios correspondentes. Em outras palavras, podemos depositar confiança em nossa mente somente na medida em que possamos admitir que o mundo também expressa uma mente ou razão. O idealismo veio, portanto, a interpretar toda realidade como evidência da razão ou mente divina. Por outro lado, o Idealismo se tornou logo muito bem visto pelos cristãos pelo fato de sugerir excelentes meios de ataque contra todas as formas de filosofia materialista.Alguns idealistas, como Hegel e Royce, fizeram com que a terminologia cristã se tornasse parte inerente do sistema por eles defendido. Todavia, para esses homens, as doutrinas cristãs não passariam de símbolos de verdades racionais de que os homens são portadores. Assim pensando, por exemplo, afirmavam que o conceito da divindade de Jesus seria somente uma enunciação simbólica do fato de que todos os homens trazem consigo um aspecto divino em sua natureza. O conceito básico da Bíblia, que consiste em demonstrar que Deus tem se revelado a si mesmo através de certos acontecimentos pertinentes da história, foi considerado pelos idealistas como noção ingênua e pré-filosófica.