REFORMA E A SITUAÇÕES CONTROVERSAS DA ITÁLIA.
Há um interesse
especial ligado à história da Reforma na Itália, visto ser ali o centro do
catolicismo romano. Os italianos, em geral havia muito que tinham tido para o
papismo sentimentos parecidos com o desprezo, porque eram testemunhas
constantes da maldade pública na sua metrópole, e não podiam deixar de ver que
essa maldade tinha o seu centro no Vaticano. Há muito que andavam desgostosos
com o desregramento, a avidez, a ambição e a fraude que eram notórias na sua
cidade principal, e mais de um coração sincero suspirava por uma mudança muito
antes de ter começado a obra da Reforma. Por isso, logo que chegou à Itália a
notícia da colisão de Lutero com Tetzel, houve muitos ali que pediram ansiosamente
os escritos daquele. Alguns meses mais tarde o seu impressor em Basiléia
escrevia nos seguintes termos: "Blásio Salmónio, livreiro de Leipzig,
presenteou-me na feira de Francfort com alguns tratados compostos por si, os
quais, como eram aprovados por homens sábios, mandei imprimir imediatamente,
enviando seiscentas cópias para a França e a Espanha. Os meus amigos
asseguraram-me que esses escritos são vendidos em Paris, e lidos e aprovados
até pelos sorbo-nistas. Calvo, livreiro de Pávia, que é um sábio, e dedica-se
às musas, levou uma grande parte da impressão para a Itália..." Apesar do
terror reinante pelas bulas pontificais, e das atividades dos que velavam pela
sua execução, os escritos de Lutero, Melanchton, Zwínglio e Bucer continuaram
a circular e a ser lidos com prazer e avidez em várias partes da Itália. Alguns
foram traduzidos na língua italiana e, para escapar à vigilância dos
inquisidores, foram publicados debaixo de nomes fictícios. Este desejo de serem
lidos os seus escritos dava ânimo aos reformadores e não provinha de uma
curiosidade vã.
Durante mais de vinte anos pôde esta obra prosseguir sem grande oposição; no ano de 1542, porém, viram claramente em Roma que ela ia fazendo enfraquecer o papismo; e então a Inquisição recebeu ordens para usar de força contra os protestantes, e em breve viram-se as prisões atulhadas de vítimas.
Durante mais de vinte anos pôde esta obra prosseguir sem grande oposição; no ano de 1542, porém, viram claramente em Roma que ela ia fazendo enfraquecer o papismo; e então a Inquisição recebeu ordens para usar de força contra os protestantes, e em breve viram-se as prisões atulhadas de vítimas.
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