A NATUREZA
CONDICIONAL DO CONCERTO.
A natureza condicional do concerto oferecida pelo Senhor (Ex
19.4-6) e aceita pelo povo (19.8) esta evidente acima de qualquer duvida pela
forma do próprio texto do concerto. Este documento, que consiste de Êxodo 20.1
a 23.33, tem sido identificado, por muitos anos, como um texto de tratado. Atestados
por todo o antigo Oriente Próximo desde os tempos antigos acadianos até aos
neo-assirios. Mais particularmente, a forma Sinai tica assemelha-se a
documentos recuperados de Hatusa, capital do Novo Reino Hitita. Esses
documentos regulamentavam os negócios entre os diversos grandes reis hititas e
os aliados subordinados e dependentes. Segundo os documentos hititas, o texto
de Êxodo e seu material relacionado (especialmente Êxodo 24) contem seis
elementos indispensáveis que possibilitam a identificação da forma literária. O
padrão nestes tratados era uma declaração perambular inicial identificando as
partes envolvidas no arranjo do concerto e, nas versões hititas, utilizando termos
grandiloqüentes e exagerados em referencia ao rei. O preâmbulo no texto
bíblico. Êxodo 20.2a, uma declaração incomparavelmente sublime em sua
simplicidade. Tudo que diz .: “Eu sou o S e n
h o r , teu Deus”. Não há necessidade de amontoar
ditos superficiais e títulos de honra, pois a majestade e o poder infinito do
grande Rei são inerentes ao próprio nome do concerto e ao seu trabalho eletivo
e redentor a favor de Israel. Isto nos leva ao segundo elemento da forma de
concerto: o prólogo histórico. Consistia geralmente em um discurso prolongado
concernente a relação entre o soberano hitita e os seus antepassados e o
regente vassalo e os seus antepassados. Apresentava o primeiro como protetor
beneficente que agia desinteressadamente a favor do seu amigo mais fraco.
Enfatizava que a graça do protetor se estendia independente da perversidade e
infidelidade do vassalo. O prólogo tinha o propósito de estabelecer a base e a
estrutura histórica nas quais a relação de concerto era empreendida com
sucesso. A narrativa bíblica e, de novo, surpreendentemente concisa e direta ao
ponto: “Eu [...] te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Ex 20.2b).
Em contrapartida com a ladainha enfadonha e egoísta dos reis hititas esta a
afirmação majestosa da reivindicação do Senhor a iniciação e fidelidade do
concerto e Ele quem salvou o povo da escravidão irremediável e desesperadora ao
despotismo egípcio. E mais do que certo que tal rei estava qualificado para ser
e fazer tudo que o seu povo-servo exigisse. A terceira seção de um tratado
entre soberano e vassalo era a seção de estipulação, que, ocasionalmente era
subdividida entre um conjunto geral de exigências e um conjunto que traçava
exigências especificas e detalhadas. O ultimo grupo seria equivalente a emendas
ou explanações dos princípios expressos nas estipulações gerais. E o que ocorre
no modelo Sinai tico, pois Êxodo 20.3-17 (os “Dez Mandamentos”) contem as
clausulas de estipulação gerais, ao passo que Êxodo 20.22 a 23.33 (o “livro do
concerto”) corresponde a exposição detalhada ou seção de estipulação;
especifica. Esta distinção esta clara pela interrupção que ocorre no documento
entre Êxodo 20.17 e 20.23 e também pelos termos técnicos usados mais tarde para
descrever as respectivas partes. Êxodo 24.3 destaca que Moises disse ao povo
“todas as palavras do S e n h o
r e todos os estatutos”. “Palavras” . tradução; do
hebraico debarim, termo usado em outro lugar para descrever os Dez Mandamentos, ao
passo que “estatutos” e tradução de mispatim, regularmente usado; para
referir-se a estatutos especificos. Mais tarde, exploraremos a relação destas
duas seções estipuladas. A quarta divisão, que trata da provisão para o
deposito do documento e da leitura publica periódica, encontra-se fora do texto
do concerto do êxodo. Na realidade, são o deposito do texto e mencionado aqui.
Na versão deuteronomica também consta a exigência de leitura publica (Dt.
6.4-9). Vemos a importância de colocar o documento do concerto dentro do
Tabernaculo (e depois, no Templo), a residência terrena do Senhor, pelo fato de
a arca do concerto ser o primeiro item de “mobília” alistado nas instruções
para a construção do Tabernaculo (Ex 25.10-22). Era uma caixa de madeira de
acácia que servia de receptáculo para o texto do concerto sináitico e de trono
símbolo.
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