A pessoa de Jesus
ocupou
a atenção dos teólogos desde o primeiro século da era cristã. Nos primeiros
tempos, a discussão ficou centrada sobre a sua humanidade e a sua divindade. Os
credos são a resposta da Igreja às perguntas inquietantes das pessoas que se sentiam
na obrigação de serem honestas com suas dúvidas, no momento em que a fé teve
que dialogar com a cultura. A patrística, tanto oriental quanto ocidental,
testemunha esse vibrante debate acontecido nos primeiros séculos da era cristã.
No século XVIII, novamente a questão da
pessoa de Jesus de Nazaré volta ao debate, despertada pelo iluminismo
racionalista. Agora a discussão enfoca a historicidade de Jesus de Nazaré. Foi
colocado o problema da Cristologia de um modo diferente daquele dos primeiros séculos.
O tema agora é se os fundamentos históricos da fé cristã, extraídos dos
Evangelhos, a respeito do Jesus de Nazaré, têm consistência histórica. O debate
recolocou a questão da messianidade de Jesus e as esperanças salvíficas que ela
produz. Gerd Theissen acredita que “os discípulos foram os primeiros a
suplantar o colapso dessas esperanças ao substituir o Messias político,
redentor de Israel, por um Messias espiritual (O Messias como redentor dos pecados)”.
H. S. Reimarus
(1694-1768) introduziu a discussão do que é histórico e o que é apostólico nos
Evangelhos. Ao fazê-lo viu-se diante de um problema tão delicado que nem mesmo
se animou a publicar a sua obra. Nela, ele dizia que “o Jesus histórico era um
judeu revolucionário que fracassou na tentativa de fundar um reino messiânico
terrestre, ao passo que o Cristo apostólico, ressuscitado e esperado para o fim
dos tempos, é invenção dos discípulos para acobertar o furto de seu corpo, que
eles mesmos perpetraram, tirando-o do túmulo”. Posteriormente, D. F. Strauss
(1808-1873), volta ao debate, agora aplicando os princípios da crítica
literária e da história aos Evangelhos. Escreve uma Vida de Jesus (1835)
e defende que "não é importante saber o que Jesus foi historicamente
(Jesus é personagem “mitológico”)"; para nós o que interessa é a mensagem
profunda do Cristianismo"
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