Os primórdios do movimento antissemita
moderno datam, em toda parte, do último terço do século XIX. Na Alemanha
começou, de modo inesperado, novamente entre a nobreza, cuja oposição ao Estado
foi de novo provocada pela transformação da monarquia prussiana num Estado-nação
completado depois de 1871. Bismarck, o verdadeiro fundador do Reich alemão,
havia mantido estreitas relações com os judeus desde a época em que era
primeiro-ministro; agora era acusado de depender e de aceitar o suborno dos judeus.
Sua tentativa e o parcial sucesso — de abolir os vestígios feudais resultou
inevitavelmente em conflito com a aristocracia; os ataques a Bismarck
mostravam-no como vítima inocente, ou como agente, a soldo do judeu Bleichroeder.
Na realidade, a relação era exatamente oposta: Bleichroeder era sem dúvida um
agente muito estimado e bem pago de Bismarck. Não obstante, a aristocracia
feudal, embora ainda bastante poderosa para influenciar a opinião pública, não
era por si mesma bastante forte ou importante para iniciar um verdadeiro movimento
anti-semita, como o que começou na década de 80. Seu porta-voz, o capelão da corte
Stoecker, ele próprio nascido na classe média inferior, era representante muito
menos sagaz dos interesses conservadores do
que os seus predecessores, os intelectuais românticos, que haviam formulado os
pontos principais da ideologia conservadora uns cinquenta anos antes. Além
disso, descobriu a utilidade da propaganda antissemita não graças a
considerações práticas ou teóricas, mas por acaso, quando percebeu a sua
utilidade para lotar auditórios que, de outra forma, permaneceriam vazios. Mas,
sem compreender seu repentino sucesso, como capelão da corte e empregado tanto
da família real como do governo, ele dificilmente estava em posição de usá-lo
adequadamente. Seu público entusiasmado era composto exclusivamente de pequenos burgueses, isto é, de lojistas e
negociantes, artesãos e artífices à moda antiga, e os sentimentos anti-judaicos
dessa gente não eram ainda, e por certo não exclusivamente, motivados pelo conflito
com o Estado.
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