Pode-se identificar que o campo da administração escolar constitui-se a partir de uma demanda da própria sociedade, quando o capitalismo industrial lança suas bases e impõe a necessidade de formação de mão-de-obra, constituindo-se o processo educativo escolar como espaço para o atendimento desta necessidade. A ampliação da escolarização no início do século XX, em conseqüência disso, torna mais complexa as ações neste meio exigindo uma organização que atendesse a esta demanda.
Aliado ao espírito de cientificização do período, a administração geral, fruto de elaborações científicas, apresentou-se neste momento como a alternativa adequada frente à legitimação de seu sucesso no âmbito empresarial. Embora ressalvada as tentativas de adequação deste modelo administrativo ao campo educacional, a racionalidade empregada em sua sistemática e funcionamento transplantam para este um modelo que, sob a aparência da neutralidade científica e universalidade, legitimam valores e a conformação de uma divisão do trabalho hierárquica, a exemplo das estruturas e relações sociais capitalistas.
A década de 1980 torna-se palco de questionamento da racionalidade capitalista no campo educacional, a exemplo do que acontecia em outras esferas sociais. Neste cenário, o modelo de administração vigente é posto em análise, e as elaborações daí decorrentes avançam em relação ao que se apresenta, quando se evoca para a face política da administração escolar, retirando a centralidade da técnica administrativa.
Ao lado destas elaborações no campo intelectual, a sociedade civil reivindicava, frente ao contexto de redemocratização do país, a participação nas instituições sociais, dentre elas as educacionais. Tem-se, neste período, a legitimação constitucional do princípio de gestão democrática da educação pública. No entanto, também se faz presente neste cenário a política neoliberal, que tem na participação da sociedade civil nas questões sociais o amparo para desviar a atenção do Estado para a esfera da economia.
Neste sentido, instala-se o paradoxo entre as forças sociais e econômicas no campo da gestão democrática, apontando que este campo continua a se assentar na divisão do trabalho baseado na organização capitalista da sociedade. Uma vez que, ao lado da política neoliberal, a administração no campo empresarial passa a basear-se nos princípios de flexibilização, autonomia e descentralização, decorrente das mudanças na base produtiva, a partir do toyotismo, adquirindo confluência com os pressupostos da gestão escolar. Embora se possa identificar esta inter-relação entre administração capitalista e a gestão escolar, este trabalho investe no potencial de que a participação consciente da comunidade nos espaços democráticos da gestão escolar pode significar a aproximação desta prática aos interesses sociais.
Dos primeiros escritos sobre administração escolar no Brasil. Neste sentido, aponta-se a possibilidade de construção de um espaço público democrático, uma vez que a concretização das políticas públicas só é possível no momento em que se traduz em práticas sociais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Faça comentário aqui.
D=