O primeiro passo
constituinte do núcleo da teologia é a experiência de fé. Essa experiência,
porém, não significa o domínio sobre a fé, como quem conhece algo calcado numa
experimentação. Fé significa, em vez disso, “estar possuído por aquilo que nos
toca incondicionalmente. “Essa experiência não se dá em determinada dimensão da
vida, tampouco se oferece a um ou outro sentido; antes, é “o ato mais íntimo e
global do espírito humano”. “Ela
ultrapassa cada uma das áreas da vida humana, ao mesmo tempo que se faz sentir
em cada uma delas.” Em si, a experiência de fé não significa experiência de
conhecimento, justamente porque isso demandaria a apreensão do conhecido. No
caso da experiência de fé, não se apreende um dado cognoscível, antes se é
apreendido nas teias do sagrado. Essa experiência, porém, não é irracional,
tampouco respeita os cânones da racionalidade iluminista, como afirma Tillich:
“ Fé não é,
portanto, um ato de forças irracionais quaisquer, assim como também não é um
ato do inconsciente; ela é, isto sim, um ato em que se transcendem tanto os
elementos racionais como não-racionais da vivência humana.”
A experiência de fé pode ser
caracterizada, então, como uma experiência extática, em oposição a inerte, marcando
seu caráter supra-intelectual e seu sentimento de estreita comunhão e
dependência do sagrado. As forças que manejam essa dimensão da vida concreta de
homens e mulheres não são aquelas do domínio da cognoscibilidade. São de outra
ordem, mais “rebeldes”, pouco respeitadoras da tendência unívoca da teologia
sistemática. Portanto nos horizontes da fé no centro do convívio inquiridor da
teologia, existe o elo crença e religião na cosmovisão da sociedade e do homem
em seu interior na busca do sagrado.
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