segunda-feira, 13 de abril de 2015

CONFLITOS RELIGIOSOS NA ÓTICA DE NIEBHUR

     Desenvolve-se nos nossos dias debate multiforme acerca das relações entre Cristianismo e civilização. Historiadores e teólogos, estadistas e clérigos, católicos e protestantes, cristãos e anticristãos participam dele. Publicamente o mesmo se manifesta nas atividades de facções rivais e, intimamente, nos conflitos de consciência. Algumas vezes se concentra em questões específicas. Por exemplo, a que se refere ao papel da fé cristã dentro das diretrizes gerais da educação, ou à importância da ética cristã para a vida econômica. Às vezes envolve questões mais amplas, como a responsabilidade da Igreja para com a ordem social ou a necessidade de os seguidores de Cristo se separarem novamente do mundo.

     O debate é tão multiforme quanto confuso. Quando a questão parece ter sido claramente definida como situada entre os expoentes de uma civilização cristã e os defensores não cristãos de uma sociedade totalmente secularizada, novas perplexidades surgem, visto que crentes devotos parecem estar advogando a mesma causa dos secularistas, postulando, por exemplo, a eliminação da religião da área da educação pública ou o apoio do cristão a movimentos políticos aparentemente anticristãos. Tantas vozes são ouvidas, tantas asserções confiantes más divergentes são feitas a respeito da resposta cristã ao problema social, tantas questões são levantadas, que o desnorteamento e a incerteza cercam a muitos. 

Será bom lembrar, neste ponto, que a questão Cristianismo e civilização não é, de modo nenhum, nova; que nesta área a perplexidade cristã tem sido perene e que o problema tem atravessado os séculos da nossa era cristã. É bom recordar, também, que as repetidas lutas dos cristãos com este problema não produziram uma resposta cristã única, exclusiva, mas apenas uma série de respostas típicas que, em seu conjunto, para a fé, representam fases da estratégia da Igreja militante no mundo. Essa estratégia, contudo, por estar na mente do Capitão, antes que nas dos tenentes, não está sob o controle dos últimos. A resposta de Cristo ao problema da cultura humana é uma coisa. As respostas cristãs são outra coisa; e os seguidores de Cristo estão convictos, de que ele usa as suas várias obras para cumprir a Sua própria. O propósito dos capítulos seguintes é apresentar respostas cristãs típicas ao problema Cristo e cultura e assim contribuir para a compreensão mútua dos várias vezes em conflito. A crença que paira atrás deste esforço é, contudo, a convicção de que Cristo, como senhor vivente, está respondendo a esta questão na totalidade da história e da vida, de um modo que transcende a sabedoria de todos os seus intérpretes, utilizando-lhes, todavia, as percepções parciais e os inevitáveis conflitos.
      

quinta-feira, 2 de abril de 2015

LUCAS E SUA FORMA ESCRITA NO EVANGELHO.



       Na postagem de hoje, estarei observando e trazendo a lume, o sentido escriturístico de Lucas, o autor do terceiro evangelho, com uma conotação ainda mais abrangente e incisiva, mais voltada para o aspecto da escrita e alguns propósitos do autor ao escrever este evangelho.  
    Lucas foi escrito do ponto de vista de um historiador. O autor estava preocupado com precisão cronológica e geográfica. Lucas é o único evangelista que liga seus eventos narrativos à história secular. Ele também prestou atenção a pequenos detalhes pessoais, como a intensidade de uma febre ou a extensão da lepra de um homem (4.38; 5.12).
Ademais, Lucas é o mais literário de todos os Evangelhos. Embora não se alcance o nível estilístico de Hebreus, o grego de Lucas é muito mais polido e gramatical do que de qualquer outro autor do Novo Testamento. Isto não o impede de permitir alguns hebraísmos e aramaísmos em seu texto; estes servem, na verdade, para destacar sua abordagem de testemunha ocular para coletar dados.  As preocupações teológicas de Lucas incluem o Espírito Santo (com atenção específica para o fenômeno que ele descreve como πιήζζε πλεύκαηνο ἁγίνπ [eplesthē pneumatos hagiou], que é freqüente em Atos), o escopo universal da missão redentora de Cristo como o Filho do Homem (cf. 19.10 e 24.47), o ministério dos anjos em relação à pessoa de Jesus Cristo (mais de vinte referências), e o deslocamento deliberado de Cristo (e sua mensagem do Reino) rumo a Jerusalém, que cobre doze capítulos no livro. A discussão do propósito do Evangelho de Lucas precisa levar em consideração dois fatores importantes diretamente relacionados ao seu texto. O primeiro é o prólogo (1.1-4), que oferece uma clara indicação dos resultados que Lucas esperava alcançar com a composição da sua obra, a saber, dar uma base histórica para a fé que Teófilo exercia em Cristo. Isto é o que poderíamos chamar um propósito pastoral-apologético para o Evangelho.
     Segundo, é preciso considerar o epílogo (24.45-53), que aponta para uma continuação da saga do Reino, visto que as testemunhas permanecem em Jerusalém esperando o cumprimento da promessa para que a mensagem do Reino seja efetivamente levada a todas as nações. Essa última observação é bem resumida por Guthrie, que propõe que o propósito de Lucas era de descrever os primórdios de um processo que se espalhou além de Jerusalém até o coração do próprio Império Romano. Ainda assim, o Evangelho está completo em si e carrega esse propósito teológico de demonstrar que a pregação da mensagem do Reino aos gentios é legítima à luz da rejeição de Israel para com Jesus como o Filho do Homem.

    Outra teoria muito mencionada sobre o propósito de Lucas-Atos é a teoria da defesa legal, que vê a obra de dois volumes como uma vindicação do cristianismo como uma religião que desde o princípio encontrou favor com as autoridades romanas (cf. a tripla referência à opinião de Pilatos de que Jesus era inocente). 

segunda-feira, 30 de março de 2015

O EVANGELHO DE LUCAS NO CONTEXTO HISTÓRICO



Início hoje uma de três postagens sobre a Lição que trata sobre o Evangelho de Lucas, neste segundo trimestre deste ano. Vamos iniciar verificando e analisando este evangelho, a partir de sua concepção e estruturação linguística. Linguisticamente, este Evangelho divide-se em três seções. O Prefacio (1:1-4) e escrito num bom estilo clássico. Demonstra aquilo que Lucas sabia fazer, mas a partir de então, abandona totalmente este estilo. O resto do capitulo 1 e o capitulo 2 tem um sabor nitidamente hebraico. E til marcante que certo número de estudiosos chegou a conclusão de que aqui temos uma tradução de um original em hebraico. Se foi assim, não temos maneira de saber se Lucas ou outra pessoa fez a tradução. A partir de 3:11 o Evangelho está escrito num tipo de grego helenístico que relembra fortemente a Septuaginta, versão grega do Antigo Testamento hebraico. 0 vocabulário e extensivo, e Lucas usa 266 palavras (além dos nomes próprios) que não são achados noutras partes do Novo Testamente, um número bem notável quando levamos em consideração que compartilha boa parte do seu assunto com Mateus e Marcos. O mais interessante de tudo isto e como o estilo constantemente relembra a Septuaginta. As citações vétero-testamentarias de Lucas são comumente tiradas daquela versão, e normalmente emprega as formas de nomes próprios achadas ali. Boa parte do seu vocabulário característico e aparentemente tirada da Septuaginta, bem como algumas das suas frases marcantes. Parece que Lucas pensava no estilo da Septuaginta como sendo um bom estilo bíblico e mais apropriado para o tipo de narrativa que estava compondo. Mas isto não explica tudo. As vezes a linguagem de Lucas contem hebraísmos e, as vezes, aramaismos. Além disto, sua linguagem e mais semítica nalguns trechos do que noutros. Os dois grupos de fatos parecem melhor explicados como sendo reflexão das fontes de Lucas. 

terça-feira, 24 de março de 2015

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segunda-feira, 23 de março de 2015

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sexta-feira, 13 de março de 2015

ANSIEDADE E MEDO NA ÓTICA DE PAUL TILLICH

Ansiedade e medo têm a mesma raiz ontológica, mas não são o mesmo na realidade. Isto é conhecimento comum, mas tem sido tão enfatizado, e super enfatizado, a tal ponto, que pode ocorrer uma reação contra tal fato e apagar, não só os exageros, como também a verdade da distinção. O medo, quando comparado à ansiedade, tem objeto definido (segundo opinião da maioria dos autores), que pode ser enfrentado, analisado, atacado, tolerado. Pode-se agir sobre ele, e agindo sobre ele, participar dele mesmo se na forma de combate. Neste sentido pode-se torná-lo auto-afirmação. A coragem pode enfrentar cada objeto de medo porque é um objeto, e torna a participação possível. A coragem pode incorporar nela o medo produzido por um objeto definido, porque este objeto, embora assustador o quanto seja, tem uma faceta com que participa em nós e nós nele. Pode-se dizer que desde que haja um objeto do medo, o amor, no sentido de participação, pode dominar o medo. Mas não acontece o mesmo com a ansiedade, porque a ansiedade não tem objeto, ou melhor, numa frase paradoxal, seu objeto é a negação de todo objeto. Portanto participação, luta e amor em relação a ela são impossíveis. Aquele que está em ansiedade está, tanto quanto é mera ansiedade, entregue a ela sem apelação. O desamparo no estado de ansiedade pode ser observado da mesma forma em animais e humanos. Expressa-se pela perda de direção, reações inadequadas, falta de "intencionalidade" (o ser relacionado com conteúdos significantes de conhecimento ou vontade). A razão deste comportamento às vezes surpreendente é a falta de um objeto no qual o sujeito (um estado de ansiedade) possa concentrar-se. O único objeto é a própria ameaça, mas não a fonte da ameaça, porque a fonte da ameaça é o "nada". Pode-se indagar se este "nada" ameaçador é a possibilidade desconhecida, indefinida de uma verdadeira ameaça. Não cessa a ansiedade no momento em que um objeto de medo conhecido aparece? Ansiedade então seria o medo do desconhecido. Porem esta é uma explicação insuficiente. Pois há reinos inumeráveis de desconhecido, diferentes para cada assunto, e encarados sem nenhuma ansiedade. É o desconhecido de um tipo especial que se relaciona com ansiedade. É o desconhecido que, por sua exata natureza, não pode ser conhecido, porque é não-ser. Medo e ansiedade são distintos mas não separados. São imanentes um dentro do outro: o acicate do medo é a ansiedade, e a ansiedade se esforça na direção do medo. Medo é estar assustado com algo, uma dor, a rejeição de uma pessoa ou um grupo, a perda de alguma coisa ou alguém, o momento de morrer. Mas na antecipação da ameaça que se origina destas coisas, o que está assustando não é a negatividade em si que eles trarão para o sujeito, Porem a ansiedade sobre as implicações possíveis desta ansiedade. O exemplo capital e mais do que um exemplo é o medo de morrer, O quanto ele é medo, seu objeto é o evento antecipado de ser morto por doença ou um acidente e assim sofrer a agonia e a perda de tudo. O quanto é ansiedade, seu objeto é o absolutamente desconhecido "depois da morte", o não-ser que permanece não-ser mesmo quando preenchido com imagens de nossa experiência presente. Os sonhos no solilóquio de Hamlet, "ser ou não ser", que poderemos ter após a morte e que torna covardes todos nós, são assustadores, não devido seu conteúdo manifesto, mas devido seu poder de simbolizar a ameaça do nada, em termos religiosos, da "morte eterna".

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O JUDAÍSMO E SUAS ORIGENS

    O judaísmo não é apenas uma religião, mas também uma maneira de se viver e uma cultura. Ele é bastante diverso. Alguns judeus são completamente secularizados e não praticam nenhum dos rituais religiosos estipulados pelo Halakah (o código de leis judaicas). Alguns, entretanto, observam certas celebrações judaicas e dias santos, ainda que essas práticas não sejam vistas como especificamente religiosas. Outros, por sua vez, baseiam todos os aspectos de suas vidas no judaísmo. Assim, percebe-se claramente que tratar do judaísmo é tratar de um assunto complexo e com diversas ramificações filosóficas, religiosas, sociais e culturais. Nesse sentido, torna-se tarefa hercúlea expor todos seus pormenores. Portanto, o que se pretende aqui é apenas traçar um panorama que seja introdutório ao tema e convide o graduando a se enveredar por outros textos que complementem seu conhecimento. Para tal, dividiu-se a exposição em seis tópicos: nascimento do judaísmo, estrutura sociocultural e religiosa do judaísmo, fé monoteísta, diáspora, principais correntes do judaísmo (ortodoxo, histórico e reformado – movimento sionista, a Shoah) e Tora.

   Podemos dividir a história do judaísmo em cinco fases ou eras: bíblica, talmúdica, medieval, moderna e contemporânea. Na verdade, não há consenso absoluto sobre essa divisão e muitos teóricos que se dedicam ao tema propõem que a criação do Estado de Israel, em 1948, indique o início de uma nova fase (ou era) e que, portanto, os títulos atribuídos às eras já existentes deveriam ser repensados. De qualquer forma, essas balizas nos ajudam a pensar esse texto cujo foco principal serão a era bíblica e parte da era talmúdica. Originalmente, os judeus são descendentes de grupos que viviam na Mesopotâmia, chefiados por patriarcas e que emigraram para Canaã, região na qual hoje se localiza a Palestina. A bíblia nos fala de importantes patriarcas hebreus – Abraão, Isaque e Jacó, que foram chefes de clãs seminômades que viviam na região hoje conhecida como Palestina e, também, por vezes, deslocavam-se para a Mesopotâmia e Egito.

     De qualquer forma, a figura de Abraão não pode ser ignorada para aqueles que pretendem conhecer o judaísmo. Tampouco se pode ignorar o fato de que com ele estabeleceu-se uma linhagem de líderes, no sentido de que foi sucedido como patriarca por seu filho Isaac e que a este se sucedeu seu neto, Jacó, também chamado de Israel. Jacó teve doze filhos e, entre eles, o favorito era José. Seus irmãos temiam que o pai lhe deixasse os direitos de patriarca. Para que isso não acontecesse, decidiram vendê-lo como escravo a mercadores árabes, que o levaram para o Egito. Contudo, por conta de sua habilidade em interpretar sonhos, José não permaneceu por muito tempo como escravo. Tendo, nessa qualidade, interpretado favoravelmente os sonhos dos faraós, foi nomeado conselheiro do Ministro, uma espécie de chanceler.

     Os textos sagrados contam que então houve uma grande fome e que os irmãos de José precisaram ir ao Egito comprar grãos. Terminam a história com o reencontro: em vez dos irmãos encontrarem-no como um escravo esfomeado, encontraram-no como um homem rico e influente que conseguiu permissão junto ao faraó para que sua família se mudasse para uma terra mais rica. Como Jacó (Israel) era o chefe de todo o povo, ao permitir que a família de José lá se instalasse, o faraó estava, na verdade, permitindo que todos os hebreus se mudassem para suas terras

domingo, 15 de fevereiro de 2015

DEUTERONÔMIO E O CÓDIGO DA ALIANÇA

      O Código da Aliança é mais antigo que o Deuteronômio e por isso é o código legal mais antigo do Antigo Testamento. Isso se evidencia tanto no caráter geral quanto em cada determinação isolada. Em toda parte, o Deuteronômio se dá a conhecer como um desenvolvimento posterior. Essa seqüência temporal permanece válida para as partes essenciais, mesmo que algumas partes do Código da Aliança, como usualmente se afirma - por exemplo as fundamentações parenéticas das leis -, sejam deuteronomistas e, portanto, dependentes do Deuteronômio jurídicas constam outras exigências de caráter cultual, religioso, ético e social, com as suas respectivas fundamentações teológicas e históricas. Toda a composição é dominada pelo Io mandamento, respectivamente pelo 2º mandamento (20,23; 22,19; 23,13.24.32s).
    O Código da Aliança é, sob qualquer perspectiva, uma grandeza multicor. Pode-se até sentir com as mãos esse seu caráter de composição. Além da amplitude de conteúdo, isso se mostra sobretudo nas diferentes formas das sentenças jurídicas3: frases casuísticas (p. ex. 21,18ss) constam ao lado de frases proibitivas (p. ex. 20,23; 22,21.27s), de mandamentos (p. ex. 22,28b.30a; 23,10.14), de sentenças condicionais alocutivas (p. ex. 20,25a; 21,14.23; 22,24s), bem como ao lado de formulações participiais (21,12.15-17) ou da particular fórmula de talião (21,24s). O discurso divino é dominante (20,22ss), mas também grandes partes são discursos sobre Deus (p. ex. 21,6; 22,7s). Em geral, as sentenças estão na segunda pessoa do singular (tu), mas freqüentemente ocorre o plural (vós)4. O título em 21,1 não está no início; o título final em 23,13 não está no fim. Tudo isso é o produto de um processo de surgimento bem mais longo.

sábado, 7 de fevereiro de 2015

BONHOEFFER E O CONHECIMENTO QUERIGMÁTICO E TEOLÓGICO

     O conhecimento querigmático é o conhecimento do pregador enquanto tal; em virtude de sua função, ele deve "conhecer" aquilo que prega: o Cristo crucificado. Pelo poder que lhe é conferido pelo próprio Cristo através da congregação dos fiéis, o pregador tem plena autoridade para proclamar o Evangelho a quem o escuta e para perdoar-lhe os pecados com a palavra e os sacramentos. Não pode haver qualquer dúvida a esse respeito, porque o sujeito da pregação é o próprio Cristo. O pregador, todavia, deve se contentar com as palavras, as proposições, as recordações do evento divino; ele não pode apresentar a palavra viva e criadora de Cristo. A pregação, porém, enquanto função da congregação, está conexa à promessa de que, quando o pregador pronuncia as "palavras" e as "proposições" retamente (rede docetur), o Cristo vivo presta testemunho de si mesmo nelas. Mas como pode o pregador falar "retamente"? Esse é o problema do conhecimento teológico. 

     O conhecimento teológico é o conhecimento eclesial que tem por objeto o evento que foi preservado na memória da comunidade cristã, na Bíblia, na pregação, nos sacramentos, na oração. "A teologia",declara Bonhoeffer, "é uma função da Igreja; porque não há Igreja sem pregação, nem pregação sem memória; ora, a teologia é a memória da Igreja. Enquanto tal, ela ajuda a Igreja a compreender os pressupostos de uma pregação cristã, ou, em outros termos, serve à formação dos dogmas". O caráter eclesial do saber teológico é evidenciado por Bonhoeffer também em sua aula inaugural na Universidade de Berlim em 1930, sobre o terna "A questão do homem na filosofia e na teologia contemporâneas". Naquela ocasião, entre outras coisas, disse: "Somente como pensamento da Igreja é que o pensamento teológico se mantém em definitivo como o único pensamento que não racionaliza a realidade através das categorias do possível. Dessa maneira, não somente cada simples problema teológico é remetido à realidade da Igreja, como também o pensamento teológico se reconhece no conjunto apenas como pensamento que se desenvolve na Igreja" . A razão principal que distingue a teologia das ciências profanas afirma ainda Bonhoeffer em A k t u n d Sein  é a obediência: a obediência que ela deve à Igreja. O saber teológico deve reconhecer os seus limites e submeter-se humildemente ao juízo da comunidade cristã, a qual sabe que a Palavra, objeto da teologia, ultrapassa continuamente os limites da ciência teológica. 

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

A CRISTOLOGIA PAULINA

Quando estamos observando os escritos do Ap. Paulo, iremos perceber a abordagem cristológica de Paulo em suas cartas.  Ao analisar a singularidade da cristologia paulina, precisamos nos lembrar de que não estamos investigando sua originalidade entre as cristologias neo-testamentárias. Procurar sua originalidade acarretaria a discussão do que separa completamente a cristologia paulina de outras cristologias neo-testamentárias. Em vez disso, desejamos analisar o que caracteriza a cristologia paulina. Dificilmente podemos afirmar que na cristologia paulina há alguma coisa única, totalmente sem analogia alhures no NT. A preexistência, a divindade e a humanidade de Cristo são encontradas fora de Paulo. A ênfase no Cristo crucificado é encontrada nos evangelhos e também nos Atos, em Hebreus e alhures no NT. A ênfase no fato de Jesus ser judeu e em sua ressurreição também encontra analogias. Por fim, a ideia de Cristo como encarnação da Sabedoria divina é encontrada em Mateus. Assim podemos constatar que Paulo possui uma exegese própria em seus textos, sendo a sua interpretação gramatical, geográfica e histórica dentro de sua realidade eclesiológica e cultural. Tendo o cuidado de nesta sua contextualização de assuntos tratados por outros hagiógrafos do cânon do Novo Testamento, não venha o assunto se distanciar de suas fontes e fundamentos. Na verdade está Paulo colaborando, concedendo ao texto e assunto em pauta uma roupagem coadunada com as realidades do povo ao qual o assunto está sendo discutido.  Um aspecto do pensamento de Paulo, foi a maior força modeladora no resto do universo de seu pensamento, o que pode ser demonstrado de várias maneiras. Paulo difere dos evangelhos. Mas também é possível afirmar que o aspecto mais inconfundível da cristologia paulina é a tipologia do último Adão. Esse tema cristológico não foi apenas uma tentativa de dar à cristologia do Filho do homem uma nova explicação para os gentios. Primeiro, as fontes são diferentes; a cristologia paulina do último Adão recorre ao Gênesis, enquanto o material a respeito do Filho do homem se baseia em Daniel 7. Além disso, a cristologia do Filho do homem não tem nada a ver com o fundador de uma nova raça de seres humanos; concentra- se, de modo mais específico, em um representante de Israel. 

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

PRIMÓRDIOS DO ANTISSEMETISMO

     Os primórdios do movimento antissemita moderno datam, em toda parte, do último terço do século XIX. Na Alemanha começou, de modo inesperado, novamente entre a nobreza, cuja oposição ao Estado foi de novo provocada pela transformação da monarquia prussiana num Estado-nação completado depois de 1871. Bismarck, o verdadeiro fundador do Reich alemão, havia mantido estreitas relações com os judeus desde a época em que era primeiro-ministro; agora era acusado de depender e de aceitar o suborno dos judeus. Sua tentativa  e o parcial sucesso — de abolir os vestígios feudais resultou inevitavelmente em conflito com a aristocracia; os ataques a Bismarck mostravam-no como vítima inocente, ou como agente, a soldo do judeu Bleichroeder. Na realidade, a relação era exatamente oposta: Bleichroeder era sem dúvida um agente muito estimado e bem pago de Bismarck. Não obstante, a aristocracia feudal, embora ainda bastante poderosa para influenciar a opinião pública, não era por si mesma bastante forte ou importante para iniciar um verdadeiro movimento anti-semita, como o que começou na década de 80. Seu porta-voz, o capelão da corte Stoecker, ele próprio nascido na classe média inferior, era representante muito menos sagaz dos interesses conservadores do que os seus predecessores, os intelectuais românticos, que haviam formulado os pontos principais da ideologia conservadora uns cinquenta anos antes. Além disso, descobriu a utilidade da propaganda antissemita não graças a considerações práticas ou teóricas, mas por acaso, quando percebeu a sua utilidade para lotar auditórios que, de outra forma, permaneceriam vazios. Mas, sem compreender seu repentino sucesso, como capelão da corte e empregado tanto da família real como do governo, ele dificilmente estava em posição de usá-lo adequadamente. Seu público entusiasmado era composto exclusivamente de pequenos burgueses, isto é, de lojistas e negociantes, artesãos e artífices à moda antiga, e os sentimentos anti-judaicos dessa gente não eram ainda, e por certo não exclusivamente, motivados pelo conflito com o Estado.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

O PORQUE DO ANTI-SEMITISMO

Muitos ainda julgam que a ideologia nazista girou em torno do antissemitismo por acaso, e que desse acaso nasceu a política que inflexivelmente visou a perseguir e, finalmente, exterminar os judeus. O horror do mundo diante do resultado derradeiro, e, mais ainda, diante do seu efeito, constituído pelos sobreviventes sem lar e sem raízes, deu à "questão judaica" a proeminência que ela passou a ocupar na vida política diária. O que os nazistas apresentaram como sua principal descoberta, o papel dos judeus na política mundial e o que propagavam como principal alvo.
      A perseguição dos judeus no mundo inteiro foi considerado pela opinião pública mero pretexto, interessante truque demagógico para conquistar as massas. É bem compreensível que não se tenha levado a sério o que os próprios nazistas diziam. Provavelmente não existe aspecto da história contemporânea mais irritante e mais mistificador do que o fato de, entre tantas questões políticas vitais, ter cabido ao problema judaico, aparentemente insignificante e sem importância, a duvidosa honra de pôr em movimento toda uma máquina infernal. Tais discrepâncias entre a causa e o efeito constituem ultraje ao bom senso a tal ponto que as tentativas de explanar o antissemitismo parecem forjadas com o fito de salvar o equilíbrio mental dos que mantêm o senso de proporção e a esperança de conservar o juízo. Uma dessas apressadas explicações identifica o antissemitismo com desenfreado nacionalismo e suas explosões de xenofobia. Mas, na verdade, o antissemitismo moderno crescia enquanto declinava o nacionalismo tradicional, tendo atingido seu clímax no momento em que o sistema europeu de Estados nações, com seu precário equilíbrio de poder, entrara em colapso. Os nazistas não eram meros nacionalistas. Sua propaganda nacionalista era dirigida aos simpatizantes e não aos membros convictos do partido. Ao contrário, este jamais se permitiu perder de vista o alvo político supranacional. O "nacionalismo" nazista assemelhava-se à propaganda nacionalista da União Soviética, que também é usada apenas como repasto aos preconceitos das massas. Os nazistas sentiam genuíno desprezo, jamais abolido, pela estreiteza do nacionalismo e pelo provincianismo do Estado.
   O antissemitismo alcançou o seu clímax quando os judeus haviam, de modo análogo, perdido as funções públicas e a influência, e quando nada lhes restava senão sua riqueza. Quando Hitler subiu ao poder, os bancos alemães, onde por mais de cem anos os judeus ocupavam posições chave, já estavam desjudaízados, e os judeus na Alemanha, após longo e contínuo crescimento em posição social e em número, declinavam tão rapidamente que os estatísticos prediziam o seu desaparecimento em poucas décadas. É verdade que as estatísticas não indicam necessariamente processos históricos reais: mas é digno de nota que, para um estatístico, a perseguição e o extermínio dos judeus pelos nazistas pudessem parecer uma insensata aceleração de um processo que provavelmente ocorreria de qualquer modo, em termos da extinção do judaísmo alemão.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

APOCALIPSES "LER E GUARDAR"

  No Apocalipses temos uma ordem que fica expressa aos leitores, "Bem aventurado os que leem e guardam", sim as suas profecias devem ser guardadas pois são revelações que irão se cumprir em seus dados tempos e da forma como Deus determinar. 
   Elas estão vinculadas ao propósito ético do livro; algumas exortam os santos a perseverar e viver uma vida exemplar à luz dessas profecias (1.3; 16.15; 22.7) e outras lhes prometem recompensas futuras se assim se comportarem (14.13; 19.9; 20.6; 22.14). Em Apocalipse, (makarios, bem-aventurado) é empregado de modo semelhante às bem-aventuranças de Mateus 5 e Lucas 6, trazendo em detalhes tanto as exortações (padrões esperados por Deus) quanto o consolo (recompensas prometidas aos fiéis). As bênçãos de Deus acompanharão os que perseverarem. Em 1.3,  é seguido de sujeitos no singular (aquele que lê) e no plural (aqueles que ouvem). 
    E provável que na igreja do primeiro século os presbíteros ou líderes leigos fossem os que normalmente liam as Escrituras, mas não existem evidências de quantas leituras eram feitas. Sabemos que as cartas de Paulo eram muitas vezes escritas para serem lidas durante o culto (lTs 5.27; Cl 4.16; possivelmente E f 3.4) e, com base em 1.3 e 22.18,19, Apocalipse também se destinava à leitura nos cultos.
       Esses dois conceitos, ouvir e guardar, aparecem juntos com bastante frequência no AT e também no NT. O fato é que o verbo hebraico traduzido por “ouvir” também significa “obedecer”; da perspectiva bíblica, os dois conceitos são inseparáveis. Mais uma vez, é no Evangelho de João que se vê a maior ênfase nos escritos neotestamentários. Em 1.37,40, “ouvir” está associado a “seguir” no contexto dos discípulos de João Batista que vão a Jesus. Em 4.42 (cf. 5.24), esse ato leva a “crer” e “saber”; em 5.25 e 5.28,29, conduz à vida; em 8.28, à ação; e em 8.47, ouvir é conseqüência de “pertencer a Deus”.Assim podemos concluir que o sentido expresso de "ler e guardar", esta no âmbito do sagrado e também do compromisso que se valida nos textos e palavras registradas no livro, tido como o manual do fim de todas as coisas. 

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

O APOCALIPSES E SEUS MISTÉRIOS

Apocalipses que para muitos pode ser a mais indecifrável palavra ou terminologia; alguns inclusive ficam entre a ficção e alguns mitos extraídos desta revelação; que está além das ideias ou ideologias; porque é Sagrado, estando inserido no cânon do Novo Testamento. Mas o que na pauta do livro está registrado, o que seria? Ou qual a forma que é percebida na aplicabilidade deste texto?
     Em Apocalipse está claro que um dos maiores problemas dos cristãos na província da Ásia é uma forma de adoração ao imperador (13.4,14-17; 14.9; 15.2; 16.2; 19.20; 20.4). No mundo romano, isso começou cedo, com a deificação de Júlio César e Augusto, seguidos por Cláudio e Vespasiano. Mas o costume dessa época era deificar o imperador após sua morte, e não adorar um soberano que ainda estivesse vivo. Calígula exigiu ser adorado, mas não foi reconhecido como divino pelo senado. Tibério e Cláudio não aceitaram ser deificados durante a vida. O que mais nos interessa com relação ao nosso assunto é que Nero não foi deificado, embora haja indícios de que este fosse seu desejo.
   Nesta evidencia histórica e popular daquele período de domínio romano da política e do império e que surge esta sagrada revelação de Deus, o livro que nos deixa registrado tudo o que ainda irá se tornar realidade, no futuro profético.
Apocalipse fala de certa estabilidade na situação das igrejas, mas sem excluir um nível razoável de perseguição (1.9; 2.2,3,9,10,13; 3.8,10). Contudo, as perseguições vinham, em grande parte, dos judeus (2.9; 3.9) e o martírio de Antipas (2.13) era fato do passado. Em Apocalipse, há poucos sinais de uma perseguição romana oficial na época da composição do livro e somente duas cartas mencionam algum tipo de aflição (Esmirna e Tiatira), embora a carta a Filadélfia pressuponha situação semelhante. A perspectiva do livro é de que a maior parte da opressão está por vir (6.9-11; 12.11; 13.7,10,15; 16.6; 17.6; 18.24; 19.2; 20.4).

    Portanto muito mais fatos e atos estão fixos neste registro sagrado que contem na Bíblia Sagrada, assim muitos mais assuntos e pontos de vistas podemos e iremos ver neste descrição histórica e teológica do livro do Apocalipses. 

quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O PAGANISMO

     Fala-se muito em paganismo, mas o que vem a ser? 

    Paganismo representa uma ampla variedade de tradições que enfatizam a reverência pela natureza e um revival de práticas religiosas politeístas e animistas antigas. Algumas formas modernas de paganismo tem suas raízes no século 19 dC nacionalismo europeu (incluindo a Ordem Britânica de Druids), mas a maioria dos grupos pagãos contemporâneos têm suas raízes organizacionais imediatas para os anos 1960, e tem uma ênfase na psicologia arquetípica e um interesse de natureza espiritual . Paganismo não é uma religião tradicional, por si só,porque ele não tem nenhuma doutrina oficial, mas tem algumas características comuns que unem a grande variedade de tradições. Uma das crenças comuns é a presença divina na natureza ea reverência da ordem natural da vida. O crescimento espiritual está relacionada com os ciclos da Terra e grande ênfase é colocada sobre as preocupações ecológicas. 
      Monoteísmo é quase universalmente rejeitado dentro paganismo e a maioria das tradições pagãs estão particularmente interessados ​​na revitalização das tradições religiosas politeístas antigas, incluindo os nórdicos (norte da Europa) e Celtic (Grã-Bretanha) tradições. Muitas tradições pagãs são intencionalmente Reconstrucionista em que pretendem reviver muitos dos rituais perdidos de antigas tradições, inclusive dias santos e festas sazonais. Além da natureza, muitos Pagãos também adoram uma variedade de deuses e deusas, incluindo espíritos que podem representar heróis nacionais e locais, bem como familiares falecidos. Neste sentido, muitos pagãos tentar honrar a sua ascendência e antepassados. Algumas tradições pagãs incluem magia ritual, mas esta prática não é universal.

domingo, 14 de dezembro de 2014

SECULARIZAÇÃO NA PÓS MODERNIDADE

        O termo “secularização” engloba vários componentes. Geralmente se compreende como a
“vida sem Deus e sem religião”. Isto porque no passado eram esses componentes a ditar a visão de mundo, a auto-compreensão e definição humana e a orientação do agir. A tentativa de estabelecer um binômio ou oposição como Deus-mundo, fé-razão, ciência-crença, não são verdadeiros deste período. Na verdade, a secularização não quer eliminar Deus e a religião, mas simplesmente fazer que ocupem o seu novo espaço dentro do novo horizonte de compreensão. Na visão e compreensão do homem moderno, o centro do universo passa a ser ele mesmo. Deus e o mundo passam para um segundo ou terceiro plano.
       Alguns fatos são responsáveis por esse fenômeno, mas surtiram efeitos no próprio homem, na sua visão de mundo e de si mesmo. Colaboraram para isso: Copérnico e a confirmação de que o sol é o centro do universo; Galileu Galilei e a descoberta de que a terra gira ao redor do sol; Charles Darwin e a sua teoria de que o homem descende do macaco; Sigmund Freud e a intuição de que o homem é um conjunto de emoções não muito diferentes dos outros animais. A moderna genética também exerce uma forte e atual presença: reduz o indivíduo e suas manifestações a fatores de genes e DNA.
       O homem passa a ocupar a primazia no conjunto da realidade global, tudo é orientado em
sua direção e desbanca a Deus. No entanto, ele se descobre pouco consistente e frágil. A certeza e organização e explicação do universo cedem espaço para a incerteza e tudo aquilo que é provisório. Porém, o termo “secular” engloba alguns outros elementos os quais merecem atenção, como, por exemplo, a valorização da experiência como forma de conhecer o universo e a si mesmo. As pessoas querem cada vez mais experiências e não aceitam não poder realiza-las. Para isto não basta somente a comprovação científica. Cada pessoa se torna um cientista, querendo “experimentar tudo e de tudo!”, como direito que lhe cabe. Não basta mais “aquilo que nossos pais nos contaram”, senão aquilo que cada um mesmo experimenta. O fator de avaliação dessas experiências não é objetivo, mas subjetivo, a partir dos efeitos, resultados e do papel que a mesma experiência joga no universo de sensações pessoais. Nesse caso, a mesma experiência pode ser vista como positiva ou como negativa, dependendo dos sujeitos implicados na mesma.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

A PÓS MODERNIDADE NÃO SUPERARA A VERDADE

Após uma tempo sem postar volto aos meus escritos e postagens neste interagir de saberes.
Propriamente entendida, a ciência e uma ferramenta maravilhosa para investigar o mundo de Deus. Mas a ciência não pode resolver o dilema humano, e não pode nos dar esperança nem significado. Em última análise, aqueles que exaltam a ciência como religião descobrem estarem errados - por essa razão finalmente caem num profundo pessimismo, a deriva numa estação espacial chamada Terra, esperando por um farol do além para salva-los de si mesmos. Nunca a ciência será maior que Deus e lhe irá superar; mesmo que a pós modernidade em um período na verdade de resoluções falíveis, tente se tornar infalível, em seu humanismo jamais ira ultrapassar a Deus. A religião não é maior que a Igreja e nunca poderá ser a Igreja inserida no contexto de apenas uma religião; pois sua origem é maior.  

      Para muitos pensadores modernos, a alternativa para a mensagem crista de salvação não e nenhuma das propostas substitutas de que falamos, mas a queda livre no pessimismo e no desespero. Eles desistiram, decidindo que não há nenhum proposito transcendental, nem esperança de redenção, nem resposta para os dilemas mais angustiantes, e a pessoa corajosa e aquela que encara honestamente a realidade e se livra de todas as esperanças ilusórias. A pós modernidade nunca irá superar a verdade, não conseguira absorver a realidade do Ser e seu transcender até Deus, como única fonte de verdade e única realidade absoluta sobre todas as demais. 

domingo, 23 de novembro de 2014

A RAZÃO HUMANA E A PÓS MODERNIDADE.

A confiança na razão humana e a rejeição do sobrenatural assumiu muitas formas, mas em parte nenhuma o impulso modernista foi mais longe ou mostrou-se mais ambiciosa do que na invenção do estado marxista. O marxismo, a começar pelo pressuposto do “materialismo dialético”, buscou encontrar causas materiais, econômicas, para todos os problemas humanos. Marx reduziu a condição humana a questões de luta de classes e exploração econômica. Isso fazendo, elaborou uma alternativa quase científica que supostamente inauguraria um paraíso terrestre. Sob o comunismo não haveria propriedade particular. Acabaria a exploração do homem. Sob o socialismo os indivíduos encontrariam seu sentido perdendo-se em um grupo maior. A economia e todas as fases da sociedade seriam planejadas em prol do bem da coletividade.
Líderes soviéticos puseram em prática esses ideais aparentemente “iluminados” com a Revolução Russa. Mas em vez de introduzir um Paraíso do Trabalhador como a teoria prometia, resultaram opressão e brutalidade em escala sem paralelos na história humana. É de se admirar que o monólito do comunismo soviético, apesar de munido com polícia secreta e armas nucleares, tenha ruído quando seu povo descobriu as mentiras e exigiu a liberdade.
Os crentes poderiam ter predito o que iria acontecer quando seres humanos reivindicassem autoridade máxima para si. A doutrina do pecado original já significa que seres humanos deixados a sós poderão
professar ideais que soam nobres, mas na prática cometerão males terríveis. A Revolução Francesa oferece um exemplo, quando a alta retórica dos Direitos Humanos introduziram a guilhotina e o Reinado do Terror.Agora as bases estruturais do modernismo ruíram, de Moscou a San Francisco. O iluminismo está desacreditado. A Razão foi destronada, mesmo em campi universitários. A Revolução Industrial e cedendo à Era da Informática. A sociedade, a tecnologia, os valores e as categorias básicas do pensamento estão mudando. Um novo modo de ver o mundo está emergindo.

domingo, 16 de novembro de 2014

A PÓS MODERNIDADE EXISTE ?

    Não podemos considerar este termo pós modernidade correto, para o sociólogo  zygmunt baumam este período é a era da liquidez, na verdade estamos vivendo a modernidade liquida, que vai ser a proposta de modernidade líquida é apresentada a partir da estrutura de cada individuo. as pessoas não estão dispostas a abrir mão dos projetos individuais em nome dos projetos coletivos. nesse processo os interesses individuais sobrepõem aos do grupo, cada um vivendo para sim não havendo mais a coletividade a união entre as pessoas. a modernidade criou um conjunto de padrões bem como condutas que determinam os sujeitos e suas possibilidades. assim surge um triunfo ao humanismo.
    O humanismo e a visão de que o homem e a medida de todas as coisas. em particular, o homem toma o lugar de deus como ancora dos valores morais, e os deveres morais são determinados por aquilo que promove o progresso da humanidade. no humanismo o homem é deificado,  assim o que quer que contribua para o progresso humano e bom e o que quer que o impeça é mau.

terça-feira, 11 de novembro de 2014

O TEMPO PÓS MODERNO E CRISTIANISMO - P/2

   Enquanto perdem força os ataques modernistas contra o cristianismo, os pós-modernistas o atacam em bases diferentes. Por exemplo, os modernistas argumentariam de várias formas pela inverdade do cristianismo. Quase não se ouve mais essa objeção. Hoje a crítica mais ouvida é que “os cristãos pensam que eles têm a única verdade”. As reivindicações do cristianismo não são negadas; são rejeitadas justamente porque propõem ser verdadeiras. Aqueles que acreditam que “não existem absolutos” repudiam os que rejeitam o relativismo chamando-os de “intolerantes”, por tentarem forçar suas crenças em outras pessoas. Os pós-modernistas rejeitam o cristianismo na mesma base em que rejeitam o modernismo, com seu racionalismo científico. Tanto os cristãos como os modernistas acreditam na verdade. Os pós-modernistas não. O futuro mostrará se há de ser o modernismo ou o pós-modernismo o mais hospitaleiro ao cristianismo.

   A Escritura nos fala da importância de “conhecer o tempo” (Rm 13:11). “A maioria dos crentes”, observa George Barna”, não percebe que a Igreja está em meio à luta mais severa que enfrenta há séculos”. Muitos crentes, inclusive teólogos, ainda estão combatendo o modernismo, desapercebidos da mudança que houve nos assuntos a debater. Se os cristãos vão ministrar com eficácia no mundo pós-moderno e evitar as suas tentações, precisam entender o espírito da época.

    A cultura que construiu a Torre de Babel faz paralelo à era moderna. Confiantes em sua capacidade humana, seu raciocínio e conhecimento científico, os modernistas não precisavam de Deus. Para tornar célebre o seu nome, não só construíram cidades, como projetaram e executaram novas ordens sociais e econômicas, tais como o socialismo. Sua tecnologia, mais avançada do que a dos habitantes babélicos, capacitou-os a construir não apenas uma torre que chegasse aos céus, mas naves espaciais para chegar à lua.
   Deus julgou as pretensões de Babel. Observando seus feitos genuínos e o vasto potencial de realização humana, o Senhor viu que uma raça humana unida e tecnologicamente sofisticada seria quase que ilimitada em sua capacidade para o mal. “Eis que o povo é um, e todos têm a mesma linguagem. Isto é apenas o começo; agora não haverá restrição para tudo que intentam fazer” (Rm. 11:6). Deus misericordiosamente frustrou esse começozinho primitivo porém perigoso (“Isto é apenas o começo” . Ele fragmentou sua auto-deificação e levou à ruína sua célebre torre.
    Na época atual, torna-se evidente que a razão, a ciência e a tecnologia não resolveram todos os nossos problemas. A pobreza, o crime e o desespero desafiam nossas tentativas de engenharia social. A mais completa tentativa de reconstruir a sociedade de acordo com uma teoria racionalista materialista o comunismo esfacelou-se. A tecnologia continua a progredir em velocidade assustadora, mas, longe de alcançar as esferas remotas, ela por vezes diminui nossas vidas.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

O TEMPO PÓS MODERNO E O CRISTIANISMO - P.1

         
      O termo “pós-moderno” se refere antes de tudo ao tempo e não a uma ideologia distinta. Se a era moderna” já passou realmente, os crentes têm tudo para se alegrar. A partir das batalhas entre os “modernistas” e os “fundamentalistas” e mesmo antes, o cristianismo bíblico foi atacado veementemente pelas forças do modernismo, com seu racionalismo científico, humanismo, e preconceito contra o passado. Hoje as idéias aceitas pelo modernismo, incluindo aquelas que atormentaram a igreja deste século, estão sendo abandonadas. Os crentes podem se alegrar na aurora de uma era pós-moderna. O modernismo, entretanto, está sendo substituído pela nova ideologia secular do pós-modernismo. O novo conjunto de suposições básicas sobre a realidade e mentalidade que se extrapola ao mero relativismo está ganhando terreno através de toda a cultura. A pessoa comum que acredita não existirem absolutos pode nunca ter ouvido falar do exercício acadêmico da “desconstrução”. O universo intelectual poderá desprezar o mundo eletrônico da televisão. Os políticos contemporâneos podem estar desapercebidos da arte avant garde. Não obstante, tudo isso está interligado e forma uma visão de mundo distintamente pós-modernista. Enquanto perdem força os ataques modernistas contra o cristianismo, os pós-modernistas o atacam em bases diferentes. Por exemplo, os modernistas argumentariam de várias formas pela inverdade do cristianismo. Quase não se ouve mais essa objeção. Hoje a crítica mais ouvida é que “os cristãos pensam que eles têm a única verdade”. As reivindicações do cristianismo não são negadas; são rejeitadas justamente porque propõem ser verdadeiras. Aqueles que acreditam que “não existem absolutos” repudiam os que rejeitam o relativismo chamando-os de “intolerantes”, por tentarem forçar suas crenças em outras pessoas. 

      Os pós-modernistas rejeitam o cristianismo na mesma base em que rejeitam o modernismo, com seu racionalismo científico. Tanto os cristãos como os modernistas acreditam na verdade. Os pós-modernistas não. O futuro mostrará se há de ser o modernismo ou o pós-modernismo o mais hospitaleiro ao cristianismo. Escritura nos fala da importância de “conhecer o tempo” (Rm 13:11). “A maioria dos crentes”, observa George Barna”, não percebe que a Igreja está em meio à luta mais severa que enfrenta há séculos”. Muitos crentes, inclusive teólogos, ainda estão combatendo o modernismo, desapercebidos da mudança que houve nos assuntos a debater. Se os cristãos vão ministrar com eficácia no mundo pós-moderno e evitar as suas tentações, precisam entender o espírito da época.

terça-feira, 28 de outubro de 2014

FÉ NO NÚCLEO CENTRAL DA TEOLOGIA

     O primeiro passo constituinte do núcleo da teologia é a experiência de fé. Essa experiência, porém, não significa o domínio sobre a fé, como quem conhece algo calcado numa experimentação. Fé significa, em vez disso, “estar possuído por aquilo que nos toca incondicionalmente. “Essa experiência não se dá em determinada dimensão da vida, tampouco se oferece a um ou outro sentido; antes, é “o ato mais íntimo e global do espírito humano”.  “Ela ultrapassa cada uma das áreas da vida humana, ao mesmo tempo que se faz sentir em cada uma delas.” Em si, a experiência de fé não significa experiência de conhecimento, justamente porque isso demandaria a apreensão do conhecido. No caso da experiência de fé, não se apreende um dado cognoscível, antes se é apreendido nas teias do sagrado. Essa experiência, porém, não é irracional, tampouco respeita os cânones da racionalidade iluminista, como afirma Tillich:
“ Fé não é, portanto, um ato de forças irracionais quaisquer, assim como também não é um ato do inconsciente; ela é, isto sim, um ato em que se transcendem tanto os elementos racionais como não-racionais da vivência humana.”

   A experiência de fé pode ser caracterizada, então, como uma experiência extática, em oposição a inerte, marcando seu caráter supra-intelectual e seu sentimento de estreita comunhão e dependência do sagrado. As forças que manejam essa dimensão da vida concreta de homens e mulheres não são aquelas do domínio da cognoscibilidade. São de outra ordem, mais “rebeldes”, pouco respeitadoras da tendência unívoca da teologia sistemática. Portanto nos horizontes da fé no centro do convívio inquiridor da teologia, existe o elo crença e religião na cosmovisão da sociedade e do homem em seu interior na busca do sagrado.


terça-feira, 21 de outubro de 2014

CONCEPÇÕES TEOLÓGICAS DE BARTH SOBRE A TEONTOLOGIA

            A estrutura da teologia de Barth e completamente cristocêntrica. O começo, o meio e o fim de toda doutrina e a figura de Jesus Cristo - sua vida, morte, ressurreição, exaltação e união eterna com Deus, o Pai. A cada encruzilhada doutrinaria, Barth levantava a seguinte questão: Qual a visão correta disto a luz do agir de Deus em Jesus Cristo? Essa estrutura cristocêntrica oferece a coerência e unidade que fazem da extensa teologia de Barth um sistema. Para o teólogo suíço, Jesus Cristo e a única e singular revelação de Deus sobre si mesmo, a Palavra de Deus em pessoa. A partir dessa declaração básica de fé, Barth deduziu a divindade de Jesus Cristo: “a revelação e a interpretação desse Deus acerca de si mesmo. Se estamos tratando de sua revelação, estamos tratando do próprio Deus e não... de uma entidade distinta dele”. Um dos axiomas básicos de Barth e que por trás da realidade deve haver a possibilidade correspondente. Assim, se Jesus Cristo e quem a fé indica que ele e - a inigualável revelação do próprio Deus então, de algum modo, ele deve ser idêntico a Deus e não simplesmente um agente ou representante de Deus. Por trás da realidade da revelação e dentro dela, portanto, está a sua possibilidade - o Deus Triuno. Barth via na doutrina da Trindade a única resposta possível para a pergunta: Quem e esse Deus que se revela? Ele afirmava: “Assim, e o próprio Deus, o mesmo Deus sem prejuízo de sua unidade, que, de acordo com a compreensão bíblica de revelação, e, ao mesmo tempo, o Deus que se revela, a revelação em si e também o seu impacto sobre os homens”.  

          Contradizendo diretamente a abordagem de Schleiermacher, Barth colocou a doutrina da Trindade como ponto de partida para a teologia. Ele argumentava que: A doutrina da Trindade e o que, basicamente, define o caráter cristão da doutrina de Deus e, portanto, distingue como sendo cristão o conceito de revelação, diferente de outras doutrinas possíveis sobre Deus e sobre o conceito de revelação. De acordo com Barth, portanto, a revelação de Deus e o próprio Deus. Deus é quem ele se revela ser. Em decorrência disso, Jesus Cristo, como única e inigualável revelação de Deus, e idêntico a Deus e, portanto, verdadeiramente humano e verdadeiramente divino: “Jesus Cristo não e um semideus. Ele não e um anjo. Também não e um homem ideal” . “A realidade de Jesus Cristo está no fato de o próprio Deus encontrar-se presente encarnado. O próprio Deus e Sujeito, sendo e agindo de modo humano”

          Barth deixou claro que, ao falar sobre Jesus Cristo, ele estava falando sobre a encarnação da “Segunda forma do Ser” (Seinsweise) de Deus. Ele preferia o termo “forma” ao invés de “pessoa” pois, aos ouvidos modernos, a palavra pessoa inevitavelmente implica “personalidade” e Deus tem apenas uma personalidade.  Se Jesus Cristo fosse uma outra personalidade, diferente do Pai, ele não poderia ser a revelação do Pai. De acordo com Barth, Pai, Filho e Espirito Santo são formas divinas de ser que existem eternamente dentro da unidade absoluta de Deus. Ainda, a distinção entre essas formas estabelece a precondição para a revelação de Deus em Jesus Cristo e sua presença espiritual dentro da vida da igreja. Deste modo, quando Barth dizia que “Deus e Jesus Cristo e Jesus Cristo e Deus”, ele queria que essa afirmação fosse compreendida dentro do contexto da Trindade. Jesus Cristo e a segunda forma do ser de Deus, a reafirmação da própria personalidade do Pai.

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

RELIGIÃO NO PERÍODO DO ILUMINISMO

        A era do Iluminismo desafiou os pontos de vista tradicionais e reformulou o pensamento em todas as áreas da sociedade ocidental. Porém, nenhuma dimensão foi mais afetada do que a crença religiosa. A Idade da Razão marcou a emancipação da cultura em relação ao domínio da igreja e do Cristianismo.
O movimento em direção à autonomia veio como resultado inevitável da nova mentalidade da época, dando início a uma outra visão da natureza da religião. Cada vez mais, os cientistas e teólogos passaram a diferenciar a “religião natural”  a existência de Deus e as leis morais racionalmente demonstráveis e conhecidas por todas as pessoas - e a “religião revelada” - as doutrinas conforme eram ensinadas pela Bíblia e pela igreja. Com o passar do tempo, esta segunda forma de religião começou a ser cada vez mais atacada e a primeira forma, elevada a condição de verdadeira religião. No final, a “religião natural” do Iluminismo ou religião da razão substituiu o enfoque tão característico da Idade Média e da Reforma sobre o dogma e a doutrina.
       O caminho intelectual para a primazia da religião natural sobre a religião revelada foi aberto pelo empirista britânico John Locke. Ele lançou a tese revolucionária de que, uma vez destituído de sua bagagem dogmática, o Cristianismo era a manifestação religiosa mais racional. Sobre as bases dessa visão de Locke, os pensadores do Iluminismo construíram o deísmo - uma alternativa teológica para
a ortodoxia. Os teólogos do deísmo desejavam reduzir a religião a seus elementos mais básicos, universais e, portanto, racionais. Os deístas acrescentavam ainda que, pelo fato de a religião natural ser racional, todas as religiões, inclusive o Cristianismo, deveriam estar em conformidade com ela. Como resultado, os vários dogmas da igreja considerados revelação já não serviam mais de parâmetro. Ao invés disso, as doutrinas deveriam ser avaliadas através da comparação com a religião da razão. O resultado foi uma religião que consistia em um número mínimo de dogmas para se crer: a existência de Deus, que podia ser provada através do mundo, a imortalidade da alma, e o castigo pelo pecado e bênção pela virtude recebidos após a morte. Na verdade, os deístas não viam a religião em sua essência como um sistema de crenças. O mais importante era o seu significado ético. Eles partiam do pressuposto de que o papel principal da religião era oferecer sanção divina para a moralidade. Ao mesmo tempo, 
      O Iluminismo elevava a capacidade humana de obter as verdades religiosas, reduzindo - ou até mesmo eliminando - a necessidade de uma religião revelada. Aquilo que era verdadeiramente importante havia sido escrito pelo Criador no grande livro da natureza e deixado aberto para que todos pudessem lê-lo. Como conseqüência, algumas vozes do Iluminismo criticaram duramente o Cristianismo, afirmando que, pelo menos em sua forma tradicional, ele era uma deturpação da religião da razão. Os pensadores do Iluminismo também atacaram os pilares centrais da apologética cristã daquela época - a crença nas profecias cumpridas e nos milagres e responsabilizaram as autoridades eclesiásticas pela ignorância e superstição do passado.

quinta-feira, 9 de outubro de 2014

CONCEPÇÕES NO JESUS HISTÓRICO

      A pessoa de Jesus ocupou a atenção dos teólogos desde o primeiro século da era cristã. Nos primeiros tempos, a discussão ficou centrada sobre a sua humanidade e a sua divindade. Os credos são a resposta da Igreja às perguntas inquietantes das pessoas que se sentiam na obrigação de serem honestas com suas dúvidas, no momento em que a fé teve que dialogar com a cultura. A patrística, tanto oriental quanto ocidental, testemunha esse vibrante debate acontecido nos primeiros séculos da era cristã.
      No século XVIII, novamente a questão da pessoa de Jesus de Nazaré volta ao debate, despertada pelo iluminismo racionalista. Agora a discussão enfoca a historicidade de Jesus de Nazaré. Foi colocado o problema da Cristologia de um modo diferente daquele dos primeiros séculos. O tema agora é se os fundamentos históricos da fé cristã, extraídos dos Evangelhos, a respeito do Jesus de Nazaré, têm consistência histórica. O debate recolocou a questão da messianidade de Jesus e as esperanças salvíficas que ela produz. Gerd Theissen acredita que “os discípulos foram os primeiros a suplantar o colapso dessas esperanças ao substituir o Messias político, redentor de Israel, por um Messias espiritual (O Messias como redentor dos pecados)”.

         H. S. Reimarus (1694-1768) introduziu a discussão do que é histórico e o que é apostólico nos Evangelhos. Ao fazê-lo viu-se diante de um problema tão delicado que nem mesmo se animou a publicar a sua obra. Nela, ele dizia que “o Jesus histórico era um judeu revolucionário que fracassou na tentativa de fundar um reino messiânico terrestre, ao passo que o Cristo apostólico, ressuscitado e esperado para o fim dos tempos, é invenção dos discípulos para acobertar o furto de seu corpo, que eles mesmos perpetraram, tirando-o do túmulo”. Posteriormente, D. F. Strauss (1808-1873), volta ao debate, agora aplicando os princípios da crítica literária e da história aos Evangelhos. Escreve uma Vida de Jesus (1835) e defende que "não é importante saber o que Jesus foi historicamente (Jesus é personagem “mitológico”)"; para nós o que interessa é a mensagem profunda do Cristianismo"

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

DANIEL O PROFETA

      
       O profeta bíblico foi o porta-voz de Deus, falando em nome de Deus para o seu povo de seus dias (ver Êxodo 4:15, 16; 7 :. 1, 2). Frase profética Clássica "assim diz o Senhor" incluído palavras de bênção para a obediência e julgamento para o pecado e rebelião (ver Deut. Bênçãos e maldições 28 dada por Moisés, o protótipo do clássico Profeta). Assim, a profecia tem duas abordagens: o presente, "esta idade" e do futuro ", em que dia" (ver Amós 5:18, onde "o dia do Senhor" é o juízo iminente sobre Israel por Assíria. Contudo, em 9:11 "on" a salvação escatológica de Israel). Muitas vezes, um julgamento histórico iminente era um tipo, ou um prelúdio para a intervenção escatológica do Senhor. Os dois aspectos do propósito redentor de Deus juntou. Assim, Daniel olhou para o grande inimigo escatológico, Antíoco Epifânio (11, 3), como um prelúdio para o redentor dia escatológico. Embora o estilo apocalíptico é uma profecia de uma natureza diferente, manifesta claramente a soberania de Deus sobre o futuro. Ao mesmo tempo, devido a um conhecimento detalhado do futuro estão seladas, as formas de expressão destes são independentes do presente. Portanto, o povo de Deus em  tempos de crise pode aplicar as verdades contidas na profecia a sua própria crise existencial, até que o Senhor vem! 

       Quanto à relação de Daniel 1-6 com os livros proféticos de Jeremias e Ezequiel: (1) vêm da mesma época e interpretam os mesmos eventos; (2) ter uma abordagem teológica semelhante como proclamações de eventos futuros que estão sujeitas a uma interpretação de acontecimentos contemporâneos foram feitas; (3) Daniel não foi encontrado em frases dos outros dois recursos como "Senhor o disse" ou "me veio da parte do Senhor." Daniel foi um estadista com sabedoria e dons proféticos (dos sábios). 

     Quanto à literatura de sabedoria, Daniel era a personificação da sabedoria (ver Eze 28: 3): (. 1.750 aC) (1) Daniel e Joseph foram superiores aos sábios do Egito e da Babilônia, instrumentos de Deus para atender seu objetivo global; (2) Job indica [p 405] que o saber sábio e siga o propósito de Deus em sua vida; (3) Provérbios personifica a sabedoria; (4) Eclesiastes ensina que a sabedoria em Israel e na lei do Senhor eram idênticas; (5) A profecia e sabedoria encontro de Daniel.


         Daniel era de linhagem real, ou, pelo menos, da nobreza israelita (1, 3). Ele cresceu na atmosfera do grande avivamento religioso do rei Josias que também era o tempo do ministério no início do profeta Jeremias. Levados cativos para a Babilônia, Daniel segurou sua fidelidade em todas as circunstâncias. É um novo tipo de profeta falava por Deus para ser um estatístico profissional. Deus não se limitou à sua palavra foi entregue apenas por meio de profetas profissionais. Nenhum profeta tradicional de Israel poderia ter funcionado nas cortes de Babilônia e na Pérsia; No entanto, Daniel foi capaz de fazer, já que ele sabia que os costumes deles, tanto quanto o caminho do Senhor. O segredo do seu sucesso é, em grande parte devido à sua dedicação total a Deus. Poderia servir o rei com integridade, mas, em primeiro lugar, sua lealdade era Deus. Ele ousou ser diferente, apesar de consequências. Hoje, Deus continua a chamar pessoas como Daniel para atendê-lo em um mundo pagão!

terça-feira, 30 de setembro de 2014

JUDA E O CATIVEIRO BABILÔNICO

       Os judeus foram levados para a Babilônia eram políticos, líderes religiosos e intelectuais do país. Todos estes foram selecionados para a deportação.  Em Jeremias 52, é implícito que havia três deportações e do número de homens foi 4,600; talvez neste grupo não inclui as mulheres. O número de deportados aparentemente, não era grande, mas é, obviamente, mais pessoas representante do país, começando com o rei Zedequias que foi feita entre os cativos.  O destino do povo levados em cativeiro parece ter sido extremamente grave.  Eles foram localizados no sul da Mesopotâmia, não muito longe da própria Babilônia, e não se dispersaram entre a população local, mas estabeleceu-se em instalações próprias (Eze. 3:15).  As pessoas em cativeiro, ele foi autorizado a construir casas, se envolver na agricultura (Jer.  20: 5 Ss), e, aparentemente, fazer uma qualquer forma que poderia viver. Les foi autorizado a juntar-se e continuar algum tipo de vida da comunidade. 
       As pessoas em cativeiro autorizado a realizar atividades religiosas. Ezequiel foi o profeta de maior peso durante o exílio, e fez as pessoas para analisar e refletir sobre o porquê Eu estava em cativeiro. As principais lições aprendidas pessoas, a fé é purificado monoteísmo no Senhor e purificada. Exílio, embora fosse uma escola difícil, tudo de qualquer forma foi uma grande escola.  A vila não foi totalmente confinado à sua liquidação, tinha comunicação com os babilônios e aparentemente Israel não era uma nação desprezado pelos babilônios mas apreciado, especialmente por suas músicas para o Senhor (Sl. 137).  O futuro era esperado que os exilados voltar à sua pátria. Esta esperança nunca morreu e latente que essa esperança se manteve contribuíram os profetas, especialmente Jeremias e Ezequiel. A possibilidade do retorno veio com o desaparecimento de Nabucodonosor porque com os sucessores de Nabucodonosor, o poder da Babilônia declinou rapidamente. Faltando estabilidade interna, finalmente, o Império Babilônico foi derrotado e destruído, aparecendo na história, um povo novo, os persas e com eles uma nova política de dominação mundial.
           A queda do Império Babilônico foi um evento de grande gravidade na história.  Ela durou cerca de 80 anos. Sua política de dominação e subjugação foi menos cruel do que a dos assírios, mas ainda permaneceu uma regra rígida.  Foi dada a possibilidade do retorno de Israel à sua terra para o aparecimento de Ciro, o persa, que se levantaram contra os medos, sempre na mesma Mesopotâmia.  Ciro fez uma carreira de sucesso, primeiro submetendo os medos.

       Na Babilônia os sucessores de Nabucodonosor incomodado com medo, buscando aliança com o Egito e Era inútil Líbia, mas. Podemos imaginar como os eventos mundiais para desfavorável babilônios abanou fortemente as esperanças do povo de Israel para o cativeiro. Fé em Jeová foi intensificada porque, apesar do cativeiro poderia perceber que o Senhor dirigiu e eventos da história e do mundo controlada. Isto é visto na profecia de Jeremias, Ezequiel, e nos últimos capítulos de Isaías, que apontam para Cyrus como o servo  Yahweh e indicando que as pessoas iriam retornar à sua terra (Is 44:28, 45 1). A sua estadia em cativeiro é um parêntese, estavam com boa razão, mas agora foi o momento para voltar para a terra prometida, segundo a promessa do Senhor de que havia  abandonou o seu povo e também de acordo com o desejo do povo (Salmo. 126). Babilônia caiu aos persas, Ciro deixou nesta cidade como seu filho Cambises  representante. A cidade e todo o império babilônico estavam sob sua autoridade

sábado, 27 de setembro de 2014

MEU NOVO PROJETO CIENTIFICO

Todos sabem de minha dedicação e pesquisas na área da educação, no contexto pedagógico Brasileiro estamos beneficamente influenciados positivamente por Paulo Freire, mas quem o influenciou? Foi o filosofo Polonês Suchodolski,  que tornou-se uma das referências de Paulo Freire, que o reconhecia como o “último humanista do século”. De fato, o pensador polonês teve influência direta no pensamento do educador brasileiro. Isso é percebido tanto pela presença de suas ideias no campo da pedagogia libertadora, no Brasil, quanto pelo fecundo diálogo que estabeleceu com Freire em encontros e correspondências. 
 Assim eu pretendo desenvolver uma série de pesquisas sobre este pensador dentro da ótica de seus escritos. 

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

   
       O MITO COSMOGÔNICO  EM ELIADE

      É o mito cosmogônico que relata o surgimento do Cosmos. Na Babilônia, no decurso da cerimônia akitu, que se desenrolava nos últimos dias do ano e nos primeiros dias do Ano Novo, recitava se solenemente o “Poema da Criação”, o Enuma-elish. Pela recitação ritual, reatualizava-se o combate entre Marduk e o monstro marinho Tiamat, que tivera lugar ab origine e que pusera fim ao Caos pela vitória final do deus. Marduk criara o Cosmos com o corpo retalhado de Tiamat e criara o homem com o sangue do demônio Kingu, principal aliado de Tiamat. A prova de que essa comemoração da criação era efetivamente uma reatualização do ato cosmogônico encontra-se tanto nos rituais como nas fórmulas pronunciadas no decurso da cerimônia.


     Com efeito, o combate entre Tiamat e Marduk era imitado por uma luta entre os dois grupos de figurantes, cerimonial que se repete entre os hititas, enquadrado sempre no cenário dramático do Ano Novo, entre os egípcios e em Ras Shamra. A luta entre os dois grupos de figurantes repetia a passagem do Caos ao Cosmos, atualizava a cosmogonia. O acontecimento mítico tornava a ser presente. “Que ele possa continuar a vencer Tiamat e abreviar seus dias!”, exclamava o oficiante. O combate, a vitória e a Criação tinham lugar naquele mesmo instante,  Visto que o Ano Novo é uma reatualização da cosmogonia, implica uma retomada do Tempo em seus primórdios, quer dizer, a restauração do Tempo primordial, do Tempo “puro”, aquele que existia no momento da Criação. É por essa razão que, por ocasião do Ano Novo, se procede a “purificações” e à expulsão dos pecados, dos demônios ou simplesmente de um bode expiatório. Pois não se trata apenas da cessação efetiva de um certo intervalo temporal e do início de um outro intervalo (como imagina, por exemplo, um homem moderno), mas também da abolição do ano passado e do tempo decorrido. Este é, aliás, o sentido das purificações rituais: uma combustão, uma anulação dos pecados e das faltas do indivíduo e da comunidade como um todo, e não uma simples “purificação”.


   O Tempo de origem por excelência é o Tempo da cosmogonia, o instante em que apareceu a mais   vasta realidade, o Mundo. É por essa razão que a cosmogonia serve de modelo exemplar a toda “criação”, a toda espécie de “fazer”. É pela mesma razão que o Tempo cosmogônico serve de modelo a todos os Tempos sagrados: porque, se o Tempo sagrado é aquele em que os deuses se manifestaram e criaram, é evidente que a mais completa manifestação divina e a mais gigantesca criação é a Criação do Mundo.


   

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

O PACTO PELA CONCEPÇÃO REFORMADA

Quando falamos desse pacto entre o Pai e o Filho, estamos falando da vontade do Pai e da disposição do Filho em realizar todas as cousas propostas por Deus para a salvação do pecador. Não deve ser esquecido que a Trindade toda participa deste pacto, pois Is 48.16-17 dá a entender que o Espirito Santo também é enviado do Pai para realizar a Sua vontade neste mundo, juntamente com o Filho. Contudo, é mais comum dos textos a idéia de um pacto onde o Filho e o Pai são as partes contratantes mais expoentes. O próprio Jesus Cristo falou que o Pai entrou em pacto com ele, embora as nossas traduções não deixem a idéia clara. Veja o texto de Lc 22.29 "Assim como meu Pai me confiou um reino, eu vo-lo confio." No grego, contudo, a idéia é diferente. A palavra traduzida como "confiou e o verbo que significa "entrar num pacto". O verbo grego é diati/qemai de onde vem a palavra "pacto" – diaqh/kh. Deus pactuou com Cristo para lhe dar um reino, e nós somos parte desse reino, portanto, parte da herança que Deus deu a Cristo. Deus, ante a incapacidade do homem de expiar os seus próprios pecados, fez um pacto com Cristo de salvar alguns membros da raça caída em Adão. O próprio Deus, na pessoa de Seu Filho, compromete-se a realizar e tornar eficaz esse pacto. O Filho seria o Mediador, a vítima expiatória, o resgate e o Salvador dos beneficiários históricos do pacto.
O Pai e o Filho tomam a decisão comum de salvar criaturas caídas. O Pai seria o representante da Trindade e o Filho o representante dos caídos, mas eleitos.
A Escritura mostra de maneira inequívoca que o Filho veio ao mundo para realizar uma tarefa que o Pai lhe havia entregue, uma obra em favor dos homens, realizando a vontade de Seu Pai.
Vejamos a análise de alguns textos:
Is 48.16-17 - "Chegai-vos a mim, ouvi isto: Não falei em segredo desde o princípio; desde o tempo em que isto vem acontecendo tenho estado lá. Agora o Senhor Deus me enviou a mim e o seu Espírito. Assim diz o Senhor, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o Senhor, o teu Deus, que te ensina o que é útil, e te guia pelo caminho em que deves andar."
Estas palavras são como que colocadas nos lábios de Cristo, como fizeram outros escritores do VT. O Verbo é eterno. Num tempo quando ainda não havia tempo, a Trindade entabulou um acordo. Desse acordo surgiu a decisão de enviar o Filho para a Redenção do pecador e o Espírito para aplicá-la. Por isso que é dito que «o Senhor Deus me enviou a mim e o seu Espírito." O Filho e o Espírito são enviados ao mundo para cumprir um propósito redentor da Divindade. O texto diz que essas pessoas são enviadas, o que indica um acordo prévio entre elas.
Jo 5.30 – ―Eu nada posso fazer de mim mesmo; na forma porque ouço, julgo. O meu juízo é justo porque não procuro a minha própria vontade, e, sim, a daquele que me enviou.‖
É claro deste verso que Jesus veio ao mundo a mandado de Seu Pai, e para realizar a vontade de Seu Pai. Voluntariamente Ele submeteu-se à vontade dAquele a quem Ele sempre foi submisso como Filho. Mas essa submissão indica que Eles tiveram um acordo antes de haver história. Cristo foi enviado pelo Pai como produto de um pacto, como veremos adiante.
JO 6.38-40 – ―Porque eu desci do céu não para fazer a minha própria vontade; e, sim, a vontade daquele que me enviou. E a vontade daquele que me enviou é esta: Que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia.‖
Estes três versos recebem a mesma tônica dos dois anteriores, onde Cristo revela claramente a sua decisão de obedecer ao seu Pai, que o havia enviado ao mundo. A idéia de obedecer aqui deixa clara a idéia de um acordo anterior. Note que, antes dele vir ao mundo, ele havia recebido do Pai um número definido de pessoas pelas quais ele veio morrer. E o mandato do Pai era para que Ele não perdesse nenhum deles. Cristo veio para cumprir essa vontade de seu Pai, que foi produto de um acordo prévio entre ambos, no seio da Divindade. Estas mesmas idéias podem ser encontradas em Jo 8.29; 17. 3,4,6,8,18,21; Hb 10.7-10